Confecções brasileiras começam a avaliar a internet como ferramenta de vendas, para atender o consumidor e também as multimarcas
Para dar vazão a suas coleções, as confecções brasileiras procuram novos canais de venda e começam a apostar na internet como ferramenta. Representando ainda uma parcela muito pequena entre as categorias que comercializam mais produtos pela web, o setor de vestuário gradativamente avança nesse mercado, abrindo novas oportunidades de negócios para as marcas nacionais. Nesta edição do Canal Especial, o GBLjeans analisa as lojas virtuais – de atacado e varejo, os recursos empregados para contornar as restrições impostas pela falta de padronização de medidas, o avanço propiciado pelo acesso a tecnologias mais modernas de tratamento e publicação de imagens, a experiência de marcas que decidiram romper o ciclo de desconfiança em torno dos resultados na web e começaram a operar suas próprias lojas virtuais.
Nos primeiros seis meses do ano, o faturamento do comércio eletrônico no Brasil alcançou R$ 4,8 bilhões, 27% a mais que no mesmo período de 2008, de acordo com a 20ª edição do relatório WebShoppers realizado pela e-bit, empresa especializada em consultoria e estudos sobre o mercado de internet. Atualmente, as vendas virtuais do setor de vestuário e acessórios no Brasil representam de 2% a 4% do montante total, informa Pedro Guasti, diretor geral da e-bit.
Isso significa dizer que as vendas pela web de roupas e acessórios movimentaram no primeiro semestre, pelo menos, R$ 96 milhões. A título de comparação, o especialista conta que, nos Estados Unidos as vendas da categoria atingiram cerca de US$ 18 bilhões, que correspondem em torno de 10% do total comercializado pelo varejo virtual em 2007 (último dado disponível), naquele país.
“A participação dessa categoria ainda é muito pequena no mercado brasileiro e a principal causa é a falta de padrão nacional de medidas, que deixa o consumidor receoso na hora da compra”, avalia Guasti. Para ele, outro fator que deixou algumas empresas brasileiras de fora do mercado virtual nos últimos anos foram erros de estratégia.
“Muitas marcas queriam vender seus produtos pela internet para a classe C. Entretanto, essa classe não tinha acesso tão grande à web há alguns anos, nem dispunham de conexão em banda larga em casa. Por isso, as marcas que entravam no negócio não tinham retorno e desistiam da internet como canal de vendas”, explica o especialista. O diretor acrescenta que, hoje, a classe C representa cerca de 45% dos 15 milhões de webshoppers, pessoas que compraram pelo menos uma vez pela internet no período da pesquisa. Portanto, diz ele, o cenário atual apresenta uma opotunidade interessante para que marcas dirigidas a esse público-alvo entrem no mercado das vendas virtuais.