Identidade em primeiro lugar

Designers de acessórios emprestam sua criatividade para grandes marcas

 

Os designers que participam da segunda edição da Mostra/Acessórios, que termina amanhã, dia 7, na sede da Fecomercio em São Paulo, têm em comum o início na informalidade, rápida ascensão e forte identidade criativa. Alguns atendem marcas maiores, porém, a venda em lojas pequenas ou site ainda é a preferência dos criadores. A produção menor compensa pela preservação da identidade criativa da marca deles.

Há três anos, Elisa Valente, proprietária da marca Baopuri, começou a fazer bolsas. As amigas foram gostando e a produção foi aumentando. Na época, a designer era estudante de relações internacionais da PUC e trabalhava numa ONG. Foi por meio desse trabalho que conseguiu sua equipe de costura e montou a marca Baopuri junto com uma amiga que cuida da parte administrativa. A Mostra/Acessórios é a primeira feira de que a Baopuri participa. A expectativa em relação ao evento são os novos contatos.

Hoje, a produção mensal da empresa oscila entre 200 e 300 peças. As bolsas feitas com tecidos e retalhos estão em seis pontos-de-venda, em São Paulo, e há a produção focada para confecções. As vendas online, no entanto, são responsáveis por mais da metade das vendas. Elisa desenvolve peças para a marca MOB, e já trabalhou com a grife carioca Wöllner e com a estilista Marcela Sant´anna. Contudo, as diferenças de padrões são grandes. “As marcas sempre querem algo diferente, exclusivo, com algum bordado ou detalhe. Para a minha marca, eu prefiro um visual mais clean”, conta Elisa. Abrir uma loja está nos planos da Baopuri.

Escolada, a designer gaúcha Patrícia Motta vende suas criações para confecções maiores desde que começou a produzir bolsas, no ano de 2000. Hoje, as lojas compram os modelos que ela inventa, com eventuais especificações. Entre os clientes constam Lita Mortari, Annexe, Danielle Mabe. Em 2005, a Harold´s, de Londres, também comprou peças da estilista. Contudo, a maior parte das vendas é para lojas multimarcas de todo o Brasil.

Patrícia já teve a experiência de fazer o desenvolvimento do produto para algumas marcas e hoje aceita somente se a quantidade compensar. “Criar para outra marca é uma faca de dois gumes, porque se o comprador gostar ele faz o pedido e você tem a garantia de recebimento. Se não gostar perdi o tempo com idéias que não são a cara da minha marca”. A designer relata que houve casos do responsável pela grife reprovar sua criação e depois produzir a mesma peça com outro fornecedor. Para evitar esse tipo de problema, hoje ela cobra pela exclusividade.

Outro problema que destaca são os prazos. “Em função da estrutura pequena, tudo tem que ser bem planejado, prazos curtos sufocam a equipe”. Patrícia conta com três costureiras e ela mesma põe a mão na massa para produzir uma média de 200 peças mensalmente. A participação em feiras é uma das plataformas de divulgação da gaúcha que acredita ser o melhor lugar para conseguir novos clientes.