A Lavanderia Atlas permanece no endereço desde os anos 50, onde atende a um grupo pequeno de clientes para os quais processa 25 mil peças por mês, em média
A rua Oscar Freire, famosa pelas grifes de luxo, abriga desde os anos 50 a Lavanderia Atlas. Num galpão de 600 metros quadrados no trecho de Pinheiros, a empresa começou como lavanderia doméstica e já nos anos 70 começou a beneficiar jeans. Hoje, no mesmo endereço, emprega dez funcionários e aposta na qualidade frente à quantidade.
“Meu pai foi um visionário, ele apostou que o jeans ia ser para sempre”, conta com orgulho Maria Tereza Oliveira, que desde 2001 administra com a irmã Eneida a lavanderia criada por Geraldo Oliveira.
A localização numa área extremamente comercial tem suas desvantagens. “O preço do IPTU e da água são altos, por exemplo”, conta Eneida. Os altos custos na produção obrigam as irmãs a reduzir a margem de lucro e apostar em clientes sólidos e com produção em grande escala. A localização central também chama atenção dos fiscais, por isso, as proprietárias são rigorosas com o cumprimento da legislação.
O fácil acesso também atrai os clientes apressados: “Antes de desfiles, as confecções correm para cá por garantimos a entrega rápida. A peça chega sexta-feira e fica pronta no sábado”, revela Eneida. Em função do ritmo de emergência, o preço cobrado também é maior.
As lavagens mais simples são feitas em 24 horas, as diferenciadas demoram por volta de três dias. As fábricas afoitas e outras dez marcas somam 10% da produção. A confecção paulistana de moda masculina Fideli representa 90% da produção da lavanderia.
As irmãs contam que, além da agilidade, a qualidade é outro diferencial da Atlas. Segundo Eneida, com a estrutura atual, a lavanderia poderia processar 50 mil peças por mês. “Nossa estrutura e nossos custos não nos permitem competir com as lavanderias que beneficiam 100 mil peças por mês. E desde que assumimos preferimos manter uma média de 25 mil peças por mês e garantir a alta qualidade. Os clientes falam que a textura agradável ao toque é uma característica única da Atlas”, completa Tereza.
Além da localização atípica, a falta de frota própria é outra peculiaridade da lavanderia. “Nunca tivemos veículos próprios, o cliente que leva e traz as peças”, afirma a empresária.
Aumentar o número de clientes como a Fideli está nos planos das irmãs, e ainda sem previsão, outro projeto é mudar a lavanderia para outro endereço, onde será possível ter poço artesiano e fazer reutilização de água, que a estrutura atual não permite. “Hoje para usarmos água de reúso teríamos que dispor de um caminhão para ir até o Ipiranga buscá-la; o custo não compensa”, lamenta Eneida.
O esquema atual de administração com o foco em poucos e bons clientes pretende ser mantido mesmo em um novo galpão. A atualização de máquinas e processos é feita gradualmente. O objetivo constante das irmãs é manter o bom ritmo de produção e faturamento da empresa que o pai construiu com dedicação. “Quando assumimos não entedíamos nada de lavanderia, mas sentimos a necessidade de manter isso aqui vivo e acabamos descobrindo que era um ótimo negócio”, diverte-se Maria Tereza.