Agência italiana de exportação cita produto como porta de entrada para parcerias de produção com grandes marcas italianas

O jeans brasileiro tem qualidade altíssima e design inovador que não chega na Itália, mas que poderia ser uma produção valiosa para grandes marcas italianas. A análise é de Milena del Gosso, diretora no Brasil da agência italiana para a promoção no exterior e internacionalização das empresas italianas, ligada à embaixada daquele país. Ao GBLjeans ela citou o jeans como um produto que viabilizaria negócios interessantes para a indústria dos dois países.
Assim como “os italianos não sabem nada sobre o jeans brasileiro”, como explica Milena, as empresas italianas de modo geral pouco sabem do potencial de mercado do Brasil. Conforme a diretora da ICE, a presença de marcas italianas no Brasil é geralmente gerenciada a partir dos Estados Unidos. “É por isso que eles vendem pouco no Brasil, não investem, não fazem marketing. Isso é ruim para os grandes negócios”, afirma.
A ICE pretende mudar esse cenário. Depois de quase 25 anos, a Itália promoveu uma missão empresarial no Brasil com representantes da Confindustria, a entidade que representa o setor. Para incentivar a aproximação com o Brasil, no sábado, 18 de outubro, a ICE promoveu um encontro em São Paulo a fim de apresentar o relatório Esportare La Dolce Vita, o que é Bello e Ben Fatto, com apoio da SPFW.
EFEITO TRUMP
Anualmente, a Confindustria elabora estudo para reavaliar as prioridades de exportação dos produtos fabricados na Itália, especialmente do segmento BBF. O acrônimo serve para destacar o luxo Made in Italy, fazendo referência ao Bello e Ben Fatto (bonito e bem-feito). Em 2024, as exportações italianas BBF somaram €170,2 bilhões ou 27,3% do total do país, destaca o relatório. Do total, €33,8 bilhões do BBF são comercializados em países emergentes.
As tensões comerciais provocadas, sobretudo, pelos anunciados tarifaços do governo Trump têm forçado a uma nova ordem global para os negócios, avalia a entidade. A indústria da Itália busca diversificação de mercados para seus produtos, especialmente no segmento que chama de 3F (fashion, food, furniture). E que, no Brasil, acrescentou o N de náutica.
Além do efeito Trump, contribui para aproximação com o Brasil o avanço das negociações entre a União Europeia e o Mercosul.
De acordo com dados do sistema de comércio exterior brasileiro, o Brasil importou US$63,8 milhões da Itália entre janeiro e setembro em artigos têxteis e de vestuário. E enviou para lá, US$8 milhões no mesmo segmento, sendo US$2,8 milhões em algodão.
foto: desfile SS2026 da italiana Diesel