Lavagens com preocupação ecológica, resinas e elastano para meninas são as apostas para o verão 2008
Com o perfil de consumo em mutação, o segmento de jeans infantil investe para fugir dos estereótipos que transformam crianças em miniadultos, ao mesmo tempo em que renova coleções sob a pressão das demandas da moda. Conforto, charme, estilo, atitude e respeito ao meio ambiente são os apelos de verão para a ala de 0 a 16 anos. As empresas disputam um mercado cujo faturamento total oscila em torno de R$ 2 bilhões por ano, segundo dados da organização da FIT – Feira Internacional do Setor Infanto-Juvenil/Teen.Bebê, que começou hoje, 26, e vai até sexta-feira, 29, no Expo Center Norte, em São Paulo.
A maior parte das empresas que atua no segmento de jeans infantil são especializadas. É o caso da GMTex, licenciada brasileira das marcas Barbie, Hot Wheels e Spyder Man; da Lei Básica Teen; e da D.Viller. Já a Vide Bula expandiu os negócios com o intuito de conquistar clientes fiéis – de recém-nascidos até a idade adulta, diz Bruno Navarro, diretor comercial da grife.
Com produção de 1,2 milhão de peças por ano, a GMTex comercializa roupas para meninos e meninas de quatro a 12 anos em mil lojas. Pouco mais da metade desse volume, 55%, corresponde à linha da Barbie, que a empresa representa desde 1999, conta Renata Moreira Lima, uma das sócias da companhia que também presta serviço de PL (Private Label) para grandes lojas de departamento como Renner, Leader e Riachuelo. Os outros 45% estão divididos entre a coleção para meninos Hot Wheels (25%) e Spyder Man (20%).
Entre as três linhas – adulto, teen e bebê – a Vide Bula vende 1 milhão de peças por ano, escoada por uma rede de 3 mil lojas multimarcas, uma store flag na rua Oscar Freire (na capital paulista), oito lojas próprias em Belo Horizonte (MG) e mais cinco franquias.
A Jr. veste meninos e meninas de seis a 18 anos, numa coleção pensada para refletir as tendências de rua. ” A criação dela representou a renovação da marca”, afirma Navarro. O verão 2008 da Baby é a segunda coleção.
Outra grande concorrente do mercado é a também mineira D.Viller, que disputa o segmento há 22 anos, com duas linhas, uma para crianças de dois a oito anos e outra para adolescentes de oito a 16 anos. A produção atinge 600 mil peças por ano, explica Deia Lúcia Gomes, diretora de desenvolvimento de produto da empresa. A marca conta com 860 pontos de venda em todo o Brasil. A cada coleção são desenvolvidos 250 modelos, entre conjuntos e peças avulsas.
Entre a Lei Básica Teen e a Wattz (marca jovem criada há dois anos), a WA comercializa 250 mil peças por ano, calcula Wallace Vieira, diretor presidente da empresa, localizada em Colatina (ES). Originalmente, a Lei Básica Teen nasceu para atender meninos e meninas com numeração entre oito e 20. O tamanho das coleções varia conforme a estação. São 180 modelos no inverno e 120 para o verão, explica Denise Vieira, diretora de estilo da empresa. Os produtos são vendidos em 500 lojas multimarcas também especializadas no mercado infantil.
Tendências
A pesquisa de tendências para desenvolver as coleções infantis é semelhante a realizada para a moda adulta, dizem as empresas. “Mas tem mais humor e enfeites”, resume Denise, da Lei Básica Teen. Conforto na modelagem, cores alegres e tecidos leves são outros requisitos para o jeans infantil, acrescenta Renata, da GMTex.
Tecidos com elastano apenas para as meninas. No caso, da Lei Básica Teen jeans, shorts e minissaias usam jeans elastizado. Na GMTex, essa proporção cai para 15% entre os 41 modelos de saias, calças, shorts e bermudas da Barbie.
A onda ecológica encontra eco na moda infantil. A Lei Básica Teen lança no verão camisetas de meninos produzidas com malha que mistura algodão e PET reciclado e para as meninas, vestido com malha de bambu. “Nossos jeans têm lavagens que usam produtos que não agridem o meio ambiente, inclusive os resinados”, garante Denise.
Para os bebês, a equipe de estilo da Vide Bula desenvolveu modelos de camisetas que estampam bichos sob risco ou em extinção, além de campanhas pela preservação, incluindo a reprodução em Braille das frases impressas. As peças são vendidas com tag contendo sementes de flores e instruções de plantio, num reforço ao slogan Vamos Florir o Mundo, resgatado da primeira campanha da empresa há quase três décadas.
fotos: GBLjeans