Implantação da tecnologia representaria avanço em relação aos ganhos já obtidos com redução do consumo de energia elétrica e lenha na lavanderia
A Mamute, uma das primeiras lavanderias de jeans de Toritama, avalia instalar um sistema de aquecimento solar, com tecnologia transferida através de convênio com a alemã Bfz, associação das empresas da Baviera para formação profissional e capacitação em gestão ambiental. O custo da tecnologia alemã para os painéis a serem usados para captação da luz do sol seria bem menor, que dos equipamentos convencionais.
O emprego de energia solar a fim de substituir em parte o consumo com energia elétrica e lenha para aquecer a caldeira da lavanderia representa uma evolução dentro do projeto de melhoria de gestão ambiental iniciado pela Mamute há uma década. É da BFZ a concepção do sistema de tratamento de efluentes físico-químico de baixo custo usado pela lavanderia, cujo modelo está sendo replicado para outras empresas do ramo na região.
Nesse período, a lavanderia fez progressos na área ambiental que renderam inclusive o Prêmio de Inovação concedido pelo Sebrae (Serviço de Apoio a Micro e Pequenas Empresas), no ano passado. Instalada à beira do rio Capibaribe, a Mamute processa 5 mil peças por dia, conta Edilson Tavares, diretor da empresa.
Reúso de água
Antes do convênio técnico com a Bfz gastava até 120 litros de água por peça. Em dez anos conseguiu reduzir para os atuais 73 litros de água por peça processada. De acordo com Tavares, 60% de toda água consumida retorna ao processo industrial também à custa de um sistema de baixo custo implementado pelos técnicos da Bfz.
Para o reúso de água, a primeira providência foi identificar quais etapas poderiam aproveitar água reciclada sem interferir no resultado. Poucas precisam de água nova, como acabamento, tingimento e amaciamento, cita o diretor. Na saída da área molhada da lavanderia, uma caixa coletora com filtro dispensa a água e retém sólidos como restos de linha e pedras cinasita usadas em processos de estonagem.
Antigamente, essas pedras eram usadas apenas uma vez. As sobras – quase uma tonelada por vez – eram jogadas em qualquer lugar. Desde a implantação do sistema, as pedras desgastadas voltam ao processo, misturadas com as novas, até virarem pó.
A água usada segue para uma sequência de tanques de decantação e tratamento físico-químico até que 60% retornam à produção por uma rede paralela de abastecimento. Parte dos 40% de água não reutilizados se perde no próprio processo, na forma de vapor por exemplo, e outra parte é descartada depois de tratada no rio.
Menos lenha
A economia alcançou os gastos com energia elétrica e lenha para a caldeira na ordem de 30%, conta Tavares. Alguns produtos químicos foram substituídos por opções que não exigem temperatura alta na aplicação. A fornalha foi revestida com uma chapa de isolamento para manter o calor e a caldeira com capacidade para cinco toneladas ganhou um sistema de ventilação forçada.
Estrutura instalada
Com 32 clientes – apenas dois de fora de Toritama, sendo um da Paraíba e outro de Caruaru -, a Mamute emprega 93 funcionários. Somente para a área de efeitos diferenciados mantém 32 postos de trabalho (fast pin, lixados, bigodes). Conta com dez lavadoras (seis de 300 quilos, três de 200 quilos e uma de 150 quilos); seis secadoras e três centrífugas.
fotos: GBLjeans