Projeção do Iemi aponta para alta de dois dígitos, com empresas trabalhando sob a expectativa de aquecimento a partir de junho.

A projeção da consultoria Iemi sinaliza que o mercado de jeans deve crescer em 2021. Dependendo da evolução no segundo semestre, a expansão poderá alcançar entre
10% e 12% acima dos resultados de 2020. Ficará pouco abaixo dos volumes de 2019, indicando o início da recuperação. “Mas tem que lembrar que é um aumento de dois dígitos sobre um ano que caiu 14% no setor”, ressalta Marcelo Prado, diretor da empresa.Conforme o executivo, o jeans perdeu menos que o mercado nacional de vestuário em geral, que caiu 17%, em volume e receita em 2020. Ele considera que favoreceu o jeans a transformação em curso na indústria, antes mesmo da pandemia de covid-19, em busca de produtos versáteis para diferentes ocasiões de uso, do lazer ao trabalho, com conforto.
De acordo com o Iemi, o Brasil produziu 341 milhões de peças jeans em 2019. A queda estimada de 14% em 2020 equivaleria a praticamente 48 milhões de peças a menos. Perda que poderia ser em parte recuperada este ano ao estimar que o mercado de jeans deve crescer em 2021.
PLs CAUTELOSOS SE JEANS DEVE CRESCER EM 2021
Para Valdir Ghiselini, diretor da Emphasis, um dos maiores PLs brasileiros, se a cobertura de vacinação funcionar e a pandemia ficar sob controle, a partir de junho poderia haver uma lenta retomada de compras e recebimento. Na avaliação dele, a lucratividade do ano já está, porém, comprometida. “Os confeccionistas estão debilitados depois de um ano e meio de pandemia”, conclui.
Caso a movimentação do mercado aconteça a partir de junho em diante, ele considera que a recuperação ficaria para 2022. “2021 já foi”, afirma.
A Emphasis que começou o ano de 2020 com vário projetos de modernização em andamento suspendeu quase todos. Entre os que manteve foi a parceria com a C&A para lançamento da coleção Ciclos, que levou a Emphasis a obter a certificação C2C (Cradle-to-Cradle), sendo a única confecção da América Latina a conquistar essa chancela.
Roberta Moreira Lima Yamacita, presidente do Conselho de Sustentabilidade da GMT, outro grande PL brasileiro, diz que a empresa até o início de maio não enxerga, por enquanto, sinais de aquecimento.
IEMI AGUARDA INÍCIO DE RECUPERAÇÃO NO SEGUNDO SEMESTRE
O Iemi considera que, a despeito do agravamento da pandemia em 2021, com a maior letalidade do vírus, as empresas estão atualmente mais preparadas do que no início da pandemia. “Não teve jogo no escuro como foi em 2020”, diz Prado.
Ele observa que as restrições de atividade voltaram a acontecer, mas, por menos tempo. E de modo melhor que no ano passado. “Pegou o varejo aberto para o Dia das Mães, situação que deverá se repetir no Dia dos Namorados, outra data importante do primeiro semestre para o varejo de moda”, destaca o diretor.
As empresas também estão melhores preparadas para atuar com e-commerce a fim de atender o consumidor, acrescenta.
“Desta vez, o varejo lidou de forma diferente com as restrições. Não houve cancelamentos em massa. Devolveu pouco para a indústria, até porque estava desabastecido”, explica Prado. Contudo, tem sido comedido ao fazer a troca de coleção que ainda tem que virar na ponta, conclui.
Em 2020, o Iemi estima que a receita do setor em geral caiu 17%. Queda equivale à perda de R$40 bilhões, sobre o faturamento de R$231 bilhões de 2019. Para 2021, a projeção do Iemi indica encerrar o ano com receita total de R$220 bilhões, ante os R$193 bilhões de 2020.
A expectativa é a indústria vir a produzir 6 bilhões de peças em 2021, contra 5,5 bilhões de peças em 2020 e 6,3 bilhões de peças em 2019.