Empresa catarinense desenvolveu sistemas encapsulados que embutem elementos ativos em tecidos, como o jeans com ação hidratante.
As roupas funcionais – com recursos hidratante, anticelulite, repelente e antetranspirante – têm ganhado cada vez mais espaço na moda. Por trás delas está a nanotecnologia, técnica que permite embutir cápsulas microscópicas na trama do tecido. Criada originalmente como indústria química para a área cosmética, a Nanovetores, de Florianópolis (SC), aposta também no filão têxtil. De acordo com a diretora técnica e fundadora da empresa, Betina Giehl Zanetti Ramos, há dois anos a equipe começou a adaptar a tecnologia de encapsulamento de ativos para tecidos, com a proposta de criar peças com ação anticelulite e repelentes a insetos, voltadas para gestantes e crianças. “A indústria de vestuário sofre muita concorrência das importações e tem buscado diferenciais por meio da inovação”, afirma a diretora.
As vendas para o setor têxtil representam 4% do faturamento da Nanovetores e a expectativa, segundo Betina, é pelo menos dobrar esse percentual em 2017. O consumidor está mais exigente nos cuidados com a pele, aumentando a demanda por produtos com componente hidratante e anticelulite, particularmente no segmento de jeans. “Essas funcionalidades valorizam o produto e dão mais visibilidade às marcas”, explica Betina. Atualmente está trabalhando com um fabricante de jeans na criação de uma calça com ação hidratante que deve ser lançada em 2017.
Além de peças de vestuário, a equipe da Nanovetores está desenvolvendo tecidos com ação antimicrobiana para artigos de cama, mesa e banho. Entre as marcas que já criaram produtos em conjunto está a Malwee (infanto-juvenil), a Megadose (gestantes), a GBaby (bebê) e a Nute (mantas infantis). “Em um ano de poucos lançamentos, nosso estande na GoTex ficou lotado durante os três dias da feira têxtil realizada em São Paulo, em setembro, demonstrando o interesse da indústria em novidades apesar da crise”, afirma Betina.
Segundo a executiva, um dos segmentos mais promissores na área têxtil é o de roupas para fitness. Para esse mercado está desenvolvendo ativos antimicrobianos que dão refrescância e ação relaxante durante o exercício para atletas de alto desempenho, reduzindo a fadiga, explica. O componente serve tanto para roupas como para calças legging e meias de compressão, dando alívio às pernas cansadas. Os princípios ativos desenvolvidos pela Nanovetores são baseados em óleos essenciais biodegradáveis, sem químicos artificiais, garante Betina. Em 2017, as cápsulas serão inseridas na fibra do tecido e não mais na trama, em uma evolução da tecnologia, permitindo mais durabilidade dos elementos ativos, antecipa a executiva.
PESQUISA DE FONTES NATURAIS
O centro de produção da Nanovetores está localizado no Sapiens Parque, em Florianópolis (SC), que abriga várias empresas de alta tecnologia. A companhia foi criada em 2006, fruto da pesquisa acadêmica e tese de doutorado na França em química de Betina, que é especialista em biossegurança. Ela e o marido, o empresário Ricardo Henrique Ramos, viram o potencial da nanotecnologia na área cosmética a partir de fontes naturais. A direção técnica foi assumida por Betina, e Ricardo assumiu a gestão como CEO. Até desenvolver o seu primeiro produto, um ativo para o tratamento de unhas, foram dois anos de estudos.
Atualmente a Nanovetores investe 30% do seu faturamento em pesquisa e desenvolvimento e conta com uma linha de 34 produtos, incluindo tecidos que agem para hidratar o corpo ou liberam repelente natural, cremes, loções e perfumes para pele, cabelos, unhas e combate à celulite, além de curativos para queimaduras, escaras e feridas pós-cirúrgicas com cicatrização em três dias.
A empresa conta com uma sede comercial nos Estados Unidos e planeja abrir um escritório na Suíça. Com representantes em 26 países, as exportações respondem por 8% do faturamento que neste ano alcançará R$ 20 milhões.