Em nova fase, fabricante de denim investe a fim de lançar produtos inovadores e disputar o mercado com imagem mais arrojada.
Nos últimos dois anos, a Nicoletti Têxtil executou uma série de investimentos em melhoria de produtos e tem uma nova rodada em curso. Até fevereiro, chega à fábrica em Americana, interior de São Paulo, uma nova leva de teares, em substituição de tecnologia. “Em 2020, teremos produtos diferenciados e inovadores; vamos incomodar a concorrência”, afirma Lilian Kurosaki, que em novembro assumiu como gerente de marketing e produto da empresa.
O plano de desembolsos atual não está restrito, porém, à parte industrial. Em nova fase, a Nicoletti aposta em outro posicionamento de mercado. Na parte de produtos, o investimento não visa aumento de produção. A intenção é estabelecer melhoria no mix de produtos. Antes, muito voltado aos básicos. Já a questão da imagem passa por assumir uma política de comunicação mais arrojada e alinhada com a moda, como já fazem outros concorrentes.
“É uma nova valorização de marca, para deixar de ser só uma tecelagem”, observa Lílian. Segundo a gerente, a estratégia já deu frutos, com a Nicoletti ganhando market share. “Isso é muito importante porque o mercado brasileiro não cresceu e está muito concorrido”, enfatiza. O book da coleção lançada em novembro também manifesta a mudança nessa direção. Foi feito em parceria com o estilista Gui Amorim, do Estúdio Traça. A linguagem do book refletiu ainda pesquisa realizada para entender como a geração Z consome e de como enxerga a moda, conta a gerente.
A aproximação com Gui Amorim levou à estreia da Nicoletti na Casa de Criadores apoiando o desfile dele na edição mais recente do evento de moda autoral. E por conta da adesão ao Sou de Algodão participou do desfile do movimento na semana de moda, com apoio ao estilista Alex Santos, diretor criativo do Periferia Inventando Moda (PIM).
TESTES COM DENIM SEM ANILINA
Ao longo de 2019, a empresa também decidiu avançar em produção limpa. Adotou algodão com selo BCI (Better Cotton Iniciative) e se alinhou ao ZDHC que lista os produtos químicos de uso proibido ou restrito na indústria têxtil. Testou ainda o tingimento do denim com corante sem anilina. E aprovou, mas esse é um projeto em standby, à espera de sinalização por parte da demanda porque o produto é mais caro que os convencionais. Atualmente, implanta adequações em busca do selo Oeko Tex.
A fim de marcar posição em sustentabilidade, lançou em novembro a linha Ecoblue, com três produtos trazendo na composição poliéster reciclado Repreve, da Unifi. Dois combinam ainda algodão e elastano e são os mais pesados – Raja (8,5oz) e mantra (9,5oz). Mais leve, o Namu é rígido (algodão e poliéster reciclado), com peso de 5,5oz.
Os três produtos Ecoblue integraram o pacote com 14 lançamentos em denim e um de sarja realizado em novembro.
EXPLORAR A FLEXIBILIDADE INDUSTRIAL
Ainda conforme Lílian, a Nicoletti vai explorar em 2020 a boa reputação conquistada entre os clientes em termos de qualidade de entrega e pontualidade. Tanto de pedidos de volume, quanto de amostras, diz. Também vai destacar a rapidez na entrega. A empresa não trabalha com estoque de produtos acabados. “Mas tem facilidade em remanejar o planejamento de produção, porque tem famílias de produtos muito flexíveis. Isso representa uma vantagem competitiva em um mercado que planeja cada vez menos”, ressalta a gerente.