Empreendimento chamado de Outlet Permanente abrigará 70 marcas às margens da rodovia BR-153.
Polo de confecção, especialmente de jeans, Jaraguá, em Goiás, pretende aos poucos alterar a vocação de prestador de serviço para criação de produtos. No entender das lideranças locais, uma forma de encaminhar essa transição passa pelo fortalecimento da cidade também como polo comercial. Por isso, Jaraguá constroi o primeiro centro comercial da cidade às margens da rodovia BR-153, com inauguração prevista para 2025.
Para esse projeto, a prefeitura cedeu terreno de 5 mil metros quadrados em contrapartida ao investimento de R$2 milhões garantido pela Codego (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Goiás). O Outlet Permanente terá espaço para 70 marcas locais comercializarem suas linhas de produtos, além de área de serviços, como praça de alimentação, atendimento bancário e estacionamento, inclusive para ônibus.
A BR-153, rodovia que liga Marabá, no Pará, a Aceguá, no Rio Grande do Sul, já na fronteira com o Uruguai, corta o estado de Goiás. Conforme o secretário municipal de indústria e comércio de Jaraguá, Wesley Judson Teixeira Martins, por ali passam 20 mil veículos por dia, muitos tendo por destino Goiânia para compras na Região da 44.
São esses compradores que Jaraguá planeja atrair para o Outlet Permanente. “Muitos passam por Jaraguá para comprar roupas na 44 sem saber que são produzidas em Jaraguá”, ressalta o secretário.
Ele imagina para a cidade algo como a entrada de Toritama, onde se concentra o polo comercial da cidade do jeans às margens da rodovia que liga Caruaru a Santa Cruz do Capibaribe.
PRODUÇÃO ESPALHADA
Em Jaraguá, a produção está dispersa pela cidade, sem um ponto de concentração de venda, tornando difícil a vida dos compradores profissionais. No caso do polo goiano, são 1.034 confecções formais, sendo 444 MEIs. Pelos cálculos do secretário, esse número pode ser três vezes maior devido ao alto nível de informalidade dos negócios. A maioria composta por facções que prestam serviço para marcas de Goiás e do Distrito Federal.
As empresas formais empregam 8,5 mil pessoas e sustentam produção que beira os 20 milhões de peças por ano. E a atividade enfrenta um déficit de 850 vagas de emprego não preenchidas, aponta o secretário.
Teixeira Martins explica que Jaraguá constroi o Outlet Permanente com a ideia de fomentar a venda de produtos. “Não é diminuir a capacidade produtiva, nem parar de produzir para os outros. É aumentar a oferta de produtos criados aqui”, completa.
EVENTO DE MODA
Em paralelo, Jaraguá constroi uma agenda para atrair lojistas de fora. Em iniciativa conjunta da Associação Comercial e Industrial da cidade (Acij), do Sebrae-GO e da prefeitura, está prevista a realização de uma feira de negócios de moda. A previsão inicial é de retomar com o evento entre os dias 16 e 17 de outubro, informa Beatriz Rocha, coordenadora da Acij.
MARCA VOCABULÁRIO
Uma das maiores empresas de Jaraguá, a Vocabulário Jeans produz de 25 mil a 30 mil peças por mês, incluindo camisas, escoadas em duas coleções anuais comercializadas por representantes. Tem linhas para homens e mulheres. A empresa nasceu em 1986 na primeira onda que estabeleceu Jaraguá na rota da produção brasileira de jeans.
Em 2004, a marca de Jaraguá integrou a produção em uma mesma planta industrial que constroi com prédios separados por atividade: de corte automatizado com dois equipamentos; bordado com três sistemas de grande porte; costura, onde opera com máquinas que automatizam etapas, como barra de camisetas, barra de calças e bermudas jeans, para fazer bolso traseiro embutido em calças; e outros acabamentos.
A lavanderia é própria operando máquinas de ozônio, laser, 3D e estação de tratamento de efluentes. Há dois anos, a Vocabulário instalou um sistema fotovoltaico, que lhe garante autossuficiência, informa Jander Jaime, que fundou a empresa junto com seus três irmãos. Um projeto em análise, conta, é investir na estação de tratamento para reprocessar a água industrial para reúso na irrigação de áreas verdes da planta industrial.
GRUPO ROMPER
Outra empresa de Jaraguá, o Grupo Romper, dono das marcas Cia Militar e Fox-Boy, pertence ao secretário Teixeira Martins. Atua no nicho de roupa militar, em duas frentes. Tem a moda militar, que é a venda de produtos de uso liberado para civis, como gandolas e combat shirt, coletes de proteção, capas de espingarda, mochilas e chapéus. Ao todo, a empresa produz 400 itens no modelo de terceirização, conta Wesley Júnior.
Alcança de 80 mil a 100 mil peças por mês, a maior parte de roupas, comercializadas por 2 mil multimarcas. Os lojistas são atendidos por 20 representantes, além do canal de vendas online, reservado apenas para o público corporativo. Também exporta para o Uruguai, o Chile e a Argentina, acrescenta o diretor.
Em outra frente, a empresa atua como homologada para participar de licitações fornecendo uniformes e acessórios para forças policiais de 13 estados: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Acre, Rondônia, Roraima, Maranhão, Piauí, Sergipe, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Wesley Júnior conta que toda a produção usa etiqueta RFID para controle de estoque. Há cerca de dois anos a empresa implantou o software de ERP da Sisplan.
foto: Sebrae-GO