Empresas associadas da Abrafas concentram a maior parte da produção nacional, mas não ocupam a totalidade capacidade instalada.

A indústria de fibras sintéticas produziu 207 mil toneladas no Brasil em 2024, segundo dados divulgados pela Abrafas (Associação Brasileira de Produtores de Fibras Artificiais e Sintéticas). Entre as fibras sintéticas a entidade cita poliéster, poliamida, elastômeros, náilon e acrílica.
O volume produzido corresponde a 62% da capacidade instalada da indústria no país, que alcança 332 mil toneladas. A maior parte da produção – 202.405 toneladas – abastece o mercado interno. Outra pequena parte, calculada em 9.302 toneladas é exportada.
Entretanto o consumo interno é muito maior, estimado pela Abrafas em 815.333 toneladas, dos quais 678.417 toneladas representam fibras de poliéster.
No segmento de fibras artificiais, como o acetato de celulose, a produção do Brasil em 2024 atingiu 15.265 toneladas, das quais 9.130 toneladas foram destinadas ao mercado interno e o restante à exportação. Ainda assim, o consumo aparente foi de 33.516 toneladas, revelando a dependência externa também nesse grupo.
Desse modo, o Brasil produziu 222,8 mil toneladas em 2024, entre fibras sintéticas e artificiais, conforme o levantamento da Abrafas.
11 EMPRESAS NA ABRAFAS
As 11 empresas associadas à Abrafas são responsáveis pela quase totalidade da produção nacional desses insumos, ressalta a Abrafas em comunicado à imprensa. “Nosso compromisso é garantir que a fibra sintética evolua não apenas em performance, como também no campo da preservação ambiental. Isso já ocorre e vai se acelerar nos próximos anos”, declara no comunicado Paulo De Biagi, presidente da Abrafas.
ANTEX
De origem espanhola, a empresa fundada em 1968 chegou ao Brasil em 2001 e produz poliéster. No comunicado da Abrafas à imprensa, o diretor-presidente da empresa, Rubén Serra, destaca a produção de filamentos de poliéster 100% reciclado de garrafas PET obtidas no Brasil e processadas com energia 100% renovável na planta instalada em Curitiba (PR), além do desenvolvimento local da tecnologia de fios biodegradáveis.
CERDIA
Desde 2018, o Brasil é uma das bases de produção da empresa suíça, que tem unidade de fabricação de cabos de acetato de celulose instalada em Santo André (SP). Os cabos são obtidos a partir de madeira de reflorestamento e usados na produção de artigos biodegradáveis, como fios têxteis e canudos termoplástico, afirma Wellington Bonifácio, diretor geral de operações para América do Sul e country head no Brasil.
DINI TÊXTIL
Empresa nacional, fundada em 1991, com produção voltada a fios e tecidos tecnológicos de poliéster para mercados industriais como automotivo, aeroespacial, hospitalar, de segurança e mobiliário corporativo. “Um dos diferenciais da Dini está na capacidade de produzir fios de poliéster 100% reciclados a partir de garrafas PET. Tal resultado, incomum na indústria têxtil — que normalmente utiliza apenas frações recicladas —, é viabilizado pelo uso de grafeno na composição dos fios”, ressalta no informe a diretora Elomara Dini.
ECOFABRIL
Outra empresa brasileira, criada há 30 anos, com sede em Jundiaí (SP). Transforma garrafas PET em fibras de poliéster para diferentes aplicações industriais. Tiago Noronha, diretor comercial, ressalta que o negócio sempre foi 100% voltado à reciclagem. E acrescenta que a empresa aprovou plano para expansão da capacidade da fábrica.
HYOSUNG
Com sede na Coreia do Sul, a companhia atua na área de soluções têxteis, fabricante do elastano comercializado sob a marca Creora. No Brasil, está instalada em Araquari, cidade de Santa Catarina. Segundo o gerente técnico da empresa no Brasil, Jessé de Moura, entre os desenvolvimentos da companhia, destacam-se os elastanos com origem renovável ou reciclada.
INDORAMA VENTURES
Com fábrica instalada em Cabo de Santo Agostinho (PE), a companhia tailandesa produz no Brasil fibras de poliéster, polímeros têxteis e para embalagens flexíveis. A política de sustentabilidade do grupo tem entre as metas ambientais atingir a neutralidade de carbono até 2050, compromisso que abrange as 114 fábricas do grupo, presentes em 32 países, segundo o CEO, Lineu Frayha.
KORDSA
Empresa turca que opera planta localizada no Polo de Camaçari (BA) para produção de reforços para pneus, com compósitos, filamentos e telas de alta tenacidade de poliamida e poliéster.
NILIT
Produtora global de poliamida, com sede em Israel e unidade de produção brasileira instalada em Americana (SP). O desenvolvimento de produtos visa à circularidade, biodegradabilidade, além da redução no consumo de recursos naturais, informa no comunicado de imprensa Paulo De Biagi, que além de presidente da Abrafas, responde na empresa como gerente geral para o Brasil e vice-presidente para América Latina.
RHODIA SOLVAY
Pertence ao grupo belga Solvay. Produz filamentos de poliamida, mantendo no portfólio uma linha de produtos carbono zero, destaca Marcello Bathe , gerente comercial da cadeia Poliamida.
THE LYCRA COMPANY
Atua há mais de 60 anos no mercado têxtil com a produção de filamentos de elastano. No Brasil, está instalada no município de Paulínia (SP).A estratégia ambiental está estruturada nos pilares de sustentabilidade de produto, excelência de fabricação e responsabilidade corporativa, conforme explica Carlos Fernandes, diretor comercial para a América do Sul.
UNIFI
Empresa com matriz nos Estados Unidos e unidade de produção brasileira em Alfenas (MG) desde 1999 produz filamentos de poliéster. O Repreve é a marca global de fibras e fios de poliéster com tecnologia rastreável da companhia, produzido a partir de materiais 100% reciclados. O CEO da companhia, Mauro Fernandes, assinala que a companhia tem a meta de alcançar a marca de 50 bilhões de garrafas PET retiradas do meio ambiente até o final de 2025.