A brasileira GBPK Holdings assumiu o controle integral com planos de investir R$90 milhões na empresa nos próximos três anos.

Desde setembro circula no mercado brasileiro a informação de que a Santista mudaria de mãos. A empresa confirmou a negociação mas não pretendia se pronunciar antes da conclusão de todo o processo. Em 4 de dezembro, dois anos depois de ser vendida para o
grupo mexicano Siete Leguas, a Santista Têxtil anuncia novo dono. Como na negociação original, o acordo envolve as operações da companhia no Brasil e na Argentina.Em comunicado à imprensa, a Santista anunciou que sob a nova composição pretende investir R$90 milhões nos próximos três anos. “A Santista Têxtil tem uma marca consolidada, perfil inovador e é uma das responsáveis pelo crescimento do setor têxtil no Brasil. Com a aquisição, temos como objetivo desalavancar a companhia, trabalhar na sua modernização e no aumento da produtividade”, declarou no comunicado Gilberto Mestriner Stocche, um dos investidores, e que continuará presidente da empresa.
Para essa reversão, Stocche reuniu um grupo de 21 investidores do Brasil em torno da GBPK Holdings. Ao jornal Valor Econômico, ele disse que todos são pessoas físicas. A operação foi costurada como reação à decisão dos mexicanos de desistir do negócio. O Valor calcula a transação em cerca de R$300 milhões, incluindo a aquisição de 100% das ações no Brasil e na Argentina e a assunção de dívidas. O prazo de pagamento iria até 2025, ainda de acordo com a reportagem do jornal.
MOMENTO DE RETOMADA
Segundo a empresa, em 2019, o faturamento alcançou R$663 milhões. Os dois primeiros meses de 2020 foram positivos mas sofreu o impacto da pandemia de covid-19, principalmente entre março e junho.
“No entanto, com o apoio dos colaboradores e da Consultoria Falconi, foi possível otimizar a gestão por meio de diferentes medidas, como administração do caixa, renegociação de dívidas, venda de maquinário antigo e melhora da performance. Com isso, atualmente a companhia passa por um momento de forte retomada, refletindo em um segundo semestre de melhor resultado, com destaque para a Argentina”, afirma o comunicado da companhia.
MUDANÇAS DE CONTROLE DA EMPRESA EM 90 ANOS
A Santista foi fundada em outubro de 1929 como Fábrica de Tecidos Tatuapé, integrando o grupo Bunge, que permaneceu acionista da empresa até 2003, quando a Camargo Corrêa assumiu o controle integral. A história inclui aquisições, como a absorção da Cia Jauense, no Brasil, e da Grafa de roupas profissionais, na Argentina, ainda em operação.
Em 1994, teve a fusão com a divisão de denim da Alpargatas, criando uma das maiores empresas do país no setor.
Em 2006, comprou a Tavex Algodonera, passando a operar sob a marca espanhola dois anos depois.
Em 2015, nova reestruturação societária, quando voltou a operar com a marca Santista. Nesse processo vendeu os ativos da Tavex no Marrocos, para o fundo alemão Aurelius. E nos Estados Unidos, para o mesmo Siete Leguas que viria a comprar a empresa em setembro de 2018 da mãos da Mover Participações (antiga Camargo Correa).