Setor de jeans pede retorno do Brás

Proposta da Capricórnio defende união da cadeia com autoridades de governo e saúde para criar protocolos de volta às atividades.

“Esse é o momento de união, de trazer sugestões reais e concretas, para tentar dar um passo à normalidade”. Com essa intenção, o CEO da Capricórnio, Gustavo Manfredini, propôs a criação de um grupo amplo para tentar implementar um projeto de reabertura do Brás. Além dos diferentes elos da cadeia, a discussão envolveria também a participação da prefeitura e do governo do estado. A pergunta considera o que seria preciso para o Brás retomar às atividades. “Precisa de máscara para todo mundo? É rodízio? É alcool gel? É limite de pessoas? “, enumerou o empresário.

Ele defende que quanto antes começar a retomada, melhor, poque criaria uma onda positiva. Entende que a iniciativa poderia ter a liderança da Denim City, que organizou outra live para discutir a crise estabelecida com a pandemia da covid-19. Além de Manfredini, da nova reunião virtual participaram Gustavo Stocche, presidente da Santista; Paulo Tortaro, diretor da Lorsa e responsável pelo segmento de confecções da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção); José Eduardo Nahas Filho, diretor da ZuneBrands; Ronaldo Faria, diretor da Jungle Lavanderia; e Robi Spatti, consultor e estilista. A mediação foi de Maria José Orione, da Denim City.

Stocche concorda que “tem que discutir o lockdown e encontrar um caminho para a retomada”. Sobre a proposta aventada por Manfredini, ele considera que o mais apropriado seria organizar uma reunião específica no âmbito da Abit, da qual é um dos conselheiros, para discutir um protocolo de retorno com cuidados às pessoas e adotando as melhores práticas.

Tortaro acredita que o país deveria definir uma política de volta imediata ao comércio em geral, para ter a quem vender. Nahas Filho, conhecido por Zuninho, entende que não adiantaria apenas o Brás reabrir se a maior parte do país continuar fechada. Ao mesmo tempo considera que o país terá que conviver com o vírus trabalhando. “Não dá para esperar ele passar para recomeçar a trabalhar”, argumentou o empresário, um dos grandes atacadistas do bairro. A sugestão dele seria adotar protocolos rigorosos de saúde para a retomada em São Paulo e Rio de Janeiro, os estados mais afetados pela pandemia. “E nos demais, menos”, disse.

PRESSÃO AUMENTA SOBRE OS MICRO E PEQUENOS NEGÓCIOS

Nessa live, como em outras realizadas pelo setor, o risco de sobrevivência dos micro e pequenos fez parte das discussões. As críticas mais enfáticas partiram de Tortaro para quem o crédito a esse segmento da indústria está demorando a chegar. Também considera pouco favoráveis as condições estabelecidas pelo setor financeiro para liberar os recursos. Foram citadas as oficinas de costura e acabamento, as pequenas lavanderias e os birôs de bordados, que não têm caixa para suportar a falta de serviços por mais dois meses.

“A hora é da empatia”, salientou Stocche. O executivo defende que seja feito o que for possível para passar pela crise, preservando empregos. E depois que passar, deveria ter uma campanha de valorização do Brasil e dos brasileiros, como forma “de minimizar a dor”. Tortaro avalia que as empresas que sobreviverem à crise da pandemia deveriam se unir para impedir a entrada de importados. “Tem que preservar o emprego nacional”, defende o empresário. Robi também defende a valorização do feito no Brasil. Contudo, ressalta: “O jeans é brasileiro, mas nem todos os setores da cadeia são”.

Faria, da Jungle Lavanderia, entende que as empresas deveriam usar esse período de parada forçada para repensar os negócios e como estão sendo conduzidos. “E o que precisa ser feito para dar impulso quando voltar”, disse. Para Robi, como muitas pessoas estão anestesiadas, e outras em pânico, com medo de perder o emprego e de como ficará a situação, as empresas deveriam trabalhar com verdade e transparência. Deixando claras as dificuldades. “Aceitar corte de salário é melhor do que a empresa acabar”, aconselhou o estilista.