Sob os olhos atentos do dono, a empresa que nasceu como facção, hoje terceiriza as atividades industriais
Comemorando um quarto de século, a Shyro´s, localizada no Brás, vive na correria para conquistar o bolso de parte do meio milhão de pessoas que circulam diariamente entre as quase 6 mil confecções que existem na região. As peças em jeans que produz chegam em até 45 dias nas araras da loja, que só vende por atacado, e a variedade de modelos chega a 250 por coleção. Porém, segundo um dos proprietários da loja, Federico Takashi Shiroma, que divide com três irmãos a administração da empresa, o diferencial é o acompanhamento constante do dono dentro da loja.
Desde o começo da empresa Takashi recebe os clientes. “Eu não saio daqui. São poucas as lojas que o proprietário fica na linha de frente. Hoje, alguns clientes reclamam que o dono de outras confecções não os recebem mais, que demoram em dar resposta em relação a pagamento”, conta o empresário. A Shiro´s começou como uma facção e, hoje, terceiriza todos os serviços.
A parte de fechamento das peças é realizada por um grupo de 20 facções, enquanto o beneficiamento está a cargo de 11 lavanderias. Na loja, trabalham 65 funcionários, entre o atendimento dos clientes, a administração e a área de corte, esse feito internamente. “Nosso foco é popular. O cliente quer o bom, bonito e barato. A variedade tem que ser muito grande. Fazemos 50 modelos para o cliente escolher cinco”, salienta.
Além da proximidade com a clientela, Takashi destaca a variedade e a agilidade como outros pontos fortes da Shyros. Para cada coleção, são criados 250 modelos entre calças e bermudas e no inverno, calças e jaquetas. Os tamanhos variam do 36 ao 56. As peças levam, em média, 60 dias para chegar na loja. Mas quando surge uma modinha, como as lançadas por novelas, a produção acelera e esse prazo cai para 45 dias. Os principais clientes são lojas no Estado de São Paulo, mas a Shyro´s chega no Brasil todo.
Para acompanhar o ritmo, a loja mantém um estilista que freqüenta cursos de atualização e tem contato com revistas de moda do mundo todo. Viagens, em função dos custos, não estão no orçamento da Shyro´s. As lavagens são quase todas sugeridas pelos beneficiadores com os quais opera. Há seis anos, a empresa transferiu a loja da rua dos Xavantes para um espaço maior na rua Maria Joaquina, em função do aumento de demanda. Além de manter um escritório onde funciona a área de modelagem no mesmo bairro.
A gestão da loja conta com software especializado; assim como o corte e a modelagem são computadorizados. Outra aposta de Takashi é o bom tratamento conferido aos funcionários, que têm participação nos lucros: “Funcionário feliz, cliente feliz”, garante. Para divulgar a marca, Takashi chegou a investir num catálogo e, hoje, investe na produção de banners de 1,5 metro que os clientes levam para colocar dentro das lojas. “Já fiz catálogo com a Sheila Mello, mas o investimento não compensa”, diz o empresário. Além das faixas, a Shiroma há um ano investe na manutenção de quatro outdoors nas principais estradas de acesso a São Paulo (Castelo Branco, Bandeirantes, Fernão Dias e Ayrton Senna). “O retorno não é direto, mas funciona para o cliente lembrar da marca”, reconhece Takashi, que mesmo assim não pretende renovar o contrato.
A empresa mantém um site institucional, mas Takashi explica que os clientes ainda preferem usar o telefone. Em abril, a Shyro´s participou da primeira edição do evento Brás Moda, que reuniu 40 marcas em três dias de desfiles e participará da edição de verão, em setembro. Sem representantes comerciais, o empresário conta que 99% das vendas concentram-se no balcão. Outros números da loja ele não revela para não instigar a concorrência, alega. Mas pelos números de facções e lavanderias envolvidas no processo, já se pode ter a idéia de que os dígitos não são módicos.