Contando com meses de baixa demanda, quando a indústria não precisa operar com sua capacidade máxima, empresa estoca água se preparando para uma eventual piora no fornecimento.
A indústria têxtil é altamente dependente da água para tingimento e acabamentos e, assim como outros setores, tem tomado cuidados especiais devido à escassez hídrica. A Canatiba, com unidades produtivas em Santa Bárbara d’Oeste, no interior de São Paulo, tem investido na redução do consumo e renovação tecnológica para usar menos água e energia, justamente para evitar situações de emergência. “No negócio têxtil faz parte da nossa cultura reutilizar tudo o que podemos, melhorando os processos no sentido de aproveitamento máximo de insumos da fábrica, inclusive a água”, afirma o diretor de marketing da Canatiba, Fábio Augusto Covolan.
Isso foi possível investindo em novas tecnologias que permitem a redução do consumo, renovando processos que usavam químicos tradicionais, explica. A empresa tem duas fontes de abastecimento: os poços artesianos que atendem as indústrias da região e o sistema geral da cidade cuja captação foi reduzida desde novembro do ano passado. Além da diminuição do consumo, a empresa adotou a estratégia de estocar água para usar em tempos de fornecimento mais escasso, pois a previsão da cidade de Santa Bárbara é manter o racionamento durante todo o ano de 2015.
“Dezembro, janeiro e fevereiro são meses de baixa demanda para a indústria, que não precisa operar na sua capacidade total, o que nos permite mais economia, nos preparando para uma eventual piora no fornecimento de água”, ressalta o diretor. Há quatro anos, segundo o executivo, um pool de empresários da cidade apresentou um projeto à prefeitura para que fosse permitido às indústrias usarem água de reúso por meio de um sistema de coleta. A iniciativa está parada, esperando liberação da Sabesp. “Com a escassez de água esperamos que o projeto ganhe prioridade e tenha apoio do governo estadual”, diz Covolan.
A fábrica da Canatiba, inaugurada há 46 anos e que produz 10 milhões de metros por mês, foi ampliando e renovando equipamentos e processos ao longo dos anos. “A mais nova unidade da empresa tem quatro anos e foi pensada para economizar insumos, usando espuma ao invés de água, faz reúso do calor para gerar mais energia e tem caldeiras a gás”, explica. Como a empresa está tecnologicamente atualizada, não há trocas de equipamentos programadas para este ano por conta da crise hídrica. “Fizemos nossa lição de casa ao longo dos anos”, completa Covolan.