Transição será gradual e conduzida pelo recém-criado Instituto ABR que agora responderá pela certificação de forma independente.

De forma gradual, a certificação ABR (Algodão Brasileiro Responsável) adotará a seu protocolo critérios que reconhecem fazendas com práticas regenerativas de agricultura. Na avaliação de Márcio Portocarrero, diretor executivo da Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão), faltaria muito pouco para que as fazendas já certificadas pelo ABR tenha o selo de regenerativo. “O que tem que introduzir é aquela rotação com outras culturas agrícolas. O regenerativo implica a rotação com outras culturas para melhorar a saúde do solo, o monitoramento da qualidade da água e do solo, que nós já trabalhamos com plantio direto, só falta ter um trabalho de monitoramento em profundidade”, afirma o dirigente com exclusividade ao portal GBLjeans.
Na avaliação dele, a adaptação demanda um prazo que o setor conta em safras. Levaria, pelo menos, até três safras para os produtores de algodão poderem adaptar a lavoura para as novas práticas. Conforme Portocarrero, a participação de dirigentes da BCI em evento brasileiro esta semana inclui a discussão para estabelecer um cronograma de transição na direção da agricultura regenerativa nos campos de algodão no Brasil.
Ele conta que os produtores brasileiros que migraram para o modelo regenerativo de cultivo têm certificação ABR. Na safra 2024/25, 82% da produção contam com a certificação ABR. Feita a transição, o Brasil seria o maior produtor mundial em escala industrial de algodão regenerativo, diz.
“Essa é a nossa meta. Vamos chegar lá uma hora. Só que para isso, o mercado tem que reconhecer esse esforço. Se for para custar mais e preservar para o futuro, alguém tem que ajudar a gente [os produtores] a pagar”, afirma Portocarrero.
CERTIFICAÇÃO INDEPENDENTE
O dirigente conta ao GBLjeans que há cerca de dois meses foi criado o Instituto ABR, como entidade independente e com estrutura de governança separada da Abrapa, com conselho a ser formado por setores da sociedade como governo, indústria, varejo, ONGs. Será responsável pela gestão do protocolo ABR que manterá o escopo atual de critérios analisados e a realização da certificação de terceira parte realizada por uma das três auditorias autorizadas – ABNT, Genesys ou QimaWQS.
“O interesse é avançar. Sem defender só o interesse de um lado”, completa.
foto: divulgação (Márcio Portocarrero em palestra no campo de algodão da SLC Agrícola em Goiás)