Órgãos públicos realizam seminário, amanhã, para discutir problemas ambientais que afetam a cidade por causa da atividade de beneficiamento do jeans
A Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (CPRH) de Pernambuco, com o apoio do Ministério Público, tem fechado o cerco em torno das lavanderias de jeans instaladas na cidade de Caruaru. Após conceder prazo de seis meses, contados a partir de meados de 2005, e depois estender o tempo para que essas empresas adotassem medidas de controle ambiental ou apresentassem projetos nesse sentido, os órgãos estaduais começaram a aplicar punições. Só no início de setembro, foram interditadas oito lavanderias de um total de cem empresas em operação.
Como o intuito é resolver a situação considerada grave, os dois órgãos estaduais organizam nesta sexta-feira, 6, um seminário na cidade para o qual convidaram as lavanderias para participar. Entre as questões a serem discutidas está a proposta da prefeitura de usar uma área do distrito industrial para onde seriam transferidas algumas das beneficiadoras de jeans.
“A área já existe, mas não é suficiente para abrigar todas as lavanderias do município”, explica Suely Ferreira, química que atua como analista de desenvolvimento ambiental da CPRH. Vai haver um processo seletivo, porque a transferência envolve concessão de incentivos fiscais.
Durante a reunião, representantes da Copergás apresentam a opção de contratar gás natural no lugar de lenha para as caldeiras, uma vez que a rede da companhia está chegando à Caruaru. “Como o gás natural é uma matriz energética limpa, estaria resolvido o problema das emissões poluentes”, diz Suely. Os pesquisadores do Itep (Instituto de Pesquisa de Pernambuco) abordam alternativas envolvendo gerenciamento de resíduos sólidos e de tratamento de efluentes líquidos industriais. A agência CPRH pretende traçar um retrato da operação desencadeada no ano passado.
Balanço positivo
De lá para cá, a CPRH e o Ministério Público firmaram acordos com as lavanderias locais com a intenção de resolver problemas ambientais causados pela atividade de beneficiamento de jeans. Pelo termo de ajustamento de conduta assinado, as empresas se comprometeram a apresentar projetos para implantação de tratamento de efluentes líquidos industriais (a água usada no processo é despejada diretamente no corpo d’água, manchando de azul o rio Ipojuca que corta a cidade); dispositivos de controle de emissão atmosférica; gerenciamento de resíduos sólidos; e tratamento de efluentes sanitários.
Decorrido o prazo de 120 meses, 20 empresas tiveram projetos aprovados e iniciaram a instalação de estações para tratamento de efluentes. Outras submeteram as propostas, que apesar de aprovadas, não foram adiante por falta de dinheiro para investir. Em função desse argumento, os órgãos estaduais concederam novo prazo estabelecido no que chamam de termo aditivo, que nem todas assinaram. “Estamos negociando com o Sebrae uma linha de crédito especial para esse segmento”, explica Suely.