Fashion Revolution mira descarbonização

Novo relatório do Fashion Revolution mira descarbonização da moda

Novo relatório recomenda que as maiores marcas de moda do mundo invistam 2% da receita em transição justa.

Novo relatório do Fashion Revolution mira descarbonização da moda

Com o novo relatório What Fuels Fashion, o movimento ativista Fashion Revolution mira na descarbonização da moda. O estudo analisa o nível de divulgação pública das metas das grandes marcas de moda para descarbonizar essa cadeia. Avaliando por esse aspecto, o relatório considera que as 250 marcas e varejistas analisadas não estão trabalhando rápido o suficiente na transição para uma moda mais limpa.

Assim como no índice de transparência, o relatório What Fuels Fashion (algo como O que alimenta a moda, em tradução literal) não pretende medir os impactos de descarbonização de uma marca. “Avalia quais marcas publicamente divulgam sobre seus esforços de descarbonização em suas operações e cadeia de suprimento”, frisa o documento logo na abertura.

E os resultados não são lá muito animadores. De 71 critérios analisados em quatro seções – responsabilização climática, descarbonização, financiamento de descarbonizanização e transição justa – nenhuma das 250 marcas ou varejistas atendeu mais de 80% dos requisitos.

Nas três melhores pontuações estão Puma (75%), Gucci (74%) e H&M (61%).

Do total, 117 divulgaram alguma meta de descarbonizanização e 105 atualizaram os dados desde 2022. Mas 42 reportaram aumento de emissões no escopo 3, responsável pela maior parte da geração de carbono e que envolve a cadeia de suprimentos.

RECOMENDAÇÕES

Uma das principais recomendações do relatório What Fuels Fashion produzido pelo Fashion Revolution mira exatamente a descarbonização nessa parcela da cadeia. De acordo com o movimento, “muitas marcas estão transferindo os custos para as fábricas com as quais trabalham; sobrecarregando trabalhadores e comunidades com a solução de um problema que eles não criaram”.

Por isso, o Fashion Revolution defende que essas grandes marcas e varejistas de moda deveriam “investir urgentemente pelo menos 2% de sua receita anual em uma transição justa, deixando de usar combustíveis fósseis, como carvão, e migrando para energia renovável a fim de abastecer sua produção de forma sustentável”.

Foram analisados os dados publicados por 250 marcas e varejistas com receita anual acima de US$400 milhões. Nenhuma do Brasil está incluída.

A preocupação com o lento processo de descarbonizar a moda tem a ver com a tendência que sinaliza para o aumento consistente da produção mundial de vestuário e calçados. Conforme estudo da Mackinsey, a produção global registrou 62 milhões de toneladas de roupas e calçados em 2022. Em 2030, poderá atingir 102 milhões de toneladas anuais. Para crescer até 160 milhões de toneladas anuais em 2050, destaca o relatório.

PONTOS DE ATENÇÃO

:: 25% das grandes marcas e varejistas de moda não têm divulgação pública acerca de suas ações de descarbonização, relacionadas a clima e uso de energia limpa.

:: 32 grandes marcas simplesmente zeraram. Não divulgam dados ou metas de descarbonizanização. “O que significa que a crise climática não é uma prioridade para elas”, afirma o documento.

:: No grupo do 0% estão Aeropostale, BCBGMAXAZRIA, Beanpole, Belle, Billabong, Bosideng, Celio, DKNY, Fabletics, Fashion Nova, Forever 21, Heilan Home, KOOVS, Longchamp, Max Mara, Metersbonwe, Mexx, New Yorker, Nine West, Quicksilver, Reebok, Revolve, Roxy, Saks Fifth Avenue, Savage X Fenty, Semir, Smart Bazaar, Splash, Tom Ford, Tory Burch, Van Heusen, Youngor.

:: 60 marcas e varejistas atenderam de 1% a 10% dos requisitos analisados.

:: Conhecidas marcas de jeans não ultrapassaram os 38%, caso de Levi’s e GStar. A que menos pontuou entre as de jeans está a Diesel (18%).

:: Menos da metade (47%) divulga meta baseada nas melhores práticas de base científica recomendadas pela Science Based Targets Initiative (SBTi) cobrindo toda a cadeia de valor.

:: A média geral é de 18%.

SEM TRANSPARÊNCIA

:: A indústria da moda está significativamente atrasada no cumprimento de metas climáticas e na redução de emissões. Uma das conclusões do relatório do Fashion Revolution que mira as ações publicadas.

:: 86% sem meta pública de eliminação gradual do carvão.

:: 94% sem meta pública para uso de energia renovável e 92% sem meta pública de eletricidade renovável para suas cadeias de suprimentos.

::89% não divulgam quantas roupas produzem anualmente.

:: “Alarmantemente, quase metade (45%) não divulga nem quanto produz nem a pegada de emissões de matéria-prima do que é produzido, sinalizando que a indústria prioriza a exploração de recursos enquanto evita a responsabilização por danos ambientais ligados à produção”, ressalta o relatório.

:: Roupas “sustentáveis” ainda podem ser produzidas usando combustíveis fósseis. 58% das marcas divulgam metas de materiais sustentáveis, apenas 11% revelam as fontes de energia de sua cadeia de suprimentos,

O relatório What Fuels Fashion é público e pode ser lido ou baixado em endereço fornecido pelo Fashion Revolution.