Fashion Revolution revela progresso lento

Fashion Revolution revela progresso lento da moda em transparência

Novo relatório analisa a evolução de marcas e varejistas de moda quanto à transparência entre 2018 e 2023 no Brasil.

Fashion Revolution revela progresso lento da moda em transparência

Depois de seis relatórios anuais nos quais analisa a divulgação de dados socioambientais das maiores marcas e varejistas de moda do mercado brasileiro no período de 2018 a 2023, o Instituto Fashion Revolution revela que o progresso é, de maneira geral, lento no país. E insuficiente para enfrentar os desafios climáticos e dos direitos humanos. No Brasil, o índice médio de transparência passou de 17% em 2018, entre as 20 empresas analisadas, para 22% em 2023 com a amostra crescendo para 60 empresas.

“Qualquer pessoa, em qualquer lugar, deveria ter a possibilidade de saber como, onde, por quem e a que custo socioambiental suas roupas são feitas. Isso demanda ampla transparência em toda a cadeia de valor global da moda”, afirma a abertura do capítulo sobre recomendações do relatório que o Fashion Revolution divulgou na manhã desta quinta-feira, 07 de novembro.

Na edição batizada de Comparativa, o novo relatório sobre o Índice de Transparência da Moda para o Brasil (ITMB) do Fashion Revolution revela as principais descobertas em quatro áreas. Compara a evolução nos indicadores de Meio Ambiente, Rastreabilidade, Direitos Humanos e Governança.

O relatório constata que as empresas tendem a ser mais transparentes sobre suas metas de redução dos impactos ambientais do que sobre aquelas que dizem respeito aos direitos humanos.

ANOMÉDIA DE PONTOSQUANTIDADE DE EMPRESAS
201817%20
201916%30
202021%40
202118%50
202217%60
202322%60

MEIO AMBIENTE

Divulgaram emissões relacionadas às suas próprias instalações (Escopos 1 e 2)

2019 = 17% (5 de 30 empresas)

2023 = 45% (27 de 60 empresas)

Divulgaram emissões relacionadas à cadeia de fornecimento (Escopo 3)

2019 = 10% (3 de 30 empresas)

2023 = 40% (24 de 60 empresas)

Mas compromissos de descarbonização ainda são limitados.

2023 = apenas 15% (9 empresas) tinham metas verificadas pelo Science Based Targets Initiative que abrangiam os escopos 1, 2 e 3.

Sobre o uso de energias renováveis.

Divulgaram o percentual de uso de energia renovável em suas próprias instalações

2019 = 27% (8 empresas)

2023 = 37% (22 empresas)

Divulgaram o percentual de uso de energia renovável nos fornecedores

2019 = 6% (2 empresas)

2023 = 10% (6 empresas)

Compromisso mensurável e com prazo determinado para o desmatamento zero, indicador incluído em 2020. Nenhuma empresa divulgou metas em 2020.

2023 = 10% (6 empresas)

Quantidade de itens produzidos anualmente

2021 = 18%

2023 = 40%

Práticas relacionadas a resíduos têxteis. Não ultrapassa os 20% o número de empresas que divulgaram a quantidade de resíduos de pré-produção gerados anualmente (sobras, aparas, fios, finais de rolos de tecidos) em 2023.

A divulgação da quantidade de resíduos de pós-produção/pré-consumo gerados anualmente (estoque morto, estoque excedente, amostras, peças com defeito) evoluiu de 2% em 2021 para 17% das empresas em 2023, revela o relatório do Fashion Revolution.

Em outra parte, a análise constata avanço na quantidade de empresas que divulgam iniciativas de circularidade, como devolução de peças para reciclagem e reaproveitamento de resíduos. “No entanto, poucas divulgam quantos produtos são realmente projetados para reciclagem ao fim da vida útil, sugerindo que a circularidade ainda está em fase inicial e piloto”, aponta o relatório.

DIREITOS HUMANOS

Das 60 empresas analisadas em 2023, 55% mantinham políticas de proibição ao trabalho escravo contemporâneo, mas poucas divulgaram dados detalhados sobre o tema, informa o relatório. No ano passado, apenas 20% publicaram dados sobre violações ao que se considera escravidão contemporânea, como horas extras excessivas e forçadas, liberdade de movimento restrita, retenção de passaportes de trabalhadores, entre outros datores de risco.

Quanto ao pagamento de salários justos na cadeia de fornecimento, a pontuação média que era de 6% em 2021 baixou para 3%.

Houve avanço na transparência em relação à distribuição racial dos funcionários. No entanto, em seis anos, nenhuma empresa forneceu informações sobre as diferenças salariais entre colaboradores de diferentes raças, afirma o relatório.

GOVERNANÇA

Empresas de capital aberto tendem a ser mais transparentes em seus indicadores de governança devido a exigências regulatórias. Apresentam pontuação média geral de 51% em 2023.

Já a pontuação média geral de empresas de capital fechado nos indicadores de governança foi de 12% em 2023.

RASTREABILIDADE

Apesar de mais desafiadora, foi a que apresentou maior crescimento de pontuação média geral entre 2018 e 2023, revela o relatório do Fashion Revolution.

2018 = 12% de 20 marcas

2019 = 17% de 30 marcas

2020 = 25% de 40 marcas

2021 = 21% de 50 marcas

2022 = 18% de 60 marcas

2023 = 25% de 60 marcas

DETALHES

Além dessas principais descobertas, o relatório do Fashion Revolution Edição Comparativa contempla uma série de informações detalhadas acerca desses macrotemas. Destaca em alguns capítulos iniciativas de algumas empresas.