Conquista foi reconhecida com certificação internacional entre outras ações de sustentabilidade como geração de energia solar e água.

No mês passado, a GMT atingiu a certificação de nível Lixo Zero Têxtil. O reconhecido foi auditado e concedido pelo
Instituto Zero Lixo Brasil, que representa a ZWIA (Zero Waste International Alliance). Conforme a organização, a GMT é a primeira empresa têxtil do país a atingir esse padrão. O esforço na direção até o descarte zero no PL começou há quase duas décadas, acompanhado de outras ações como uso de energia solar, autossuficiência em água com captação do que escorre do telhado em dias chuvosos e neutralização de carbono.Conforme o instituto, para receber essa certificação a empresa deve comprovar que encaminha corretamente pelo menos 90% de seus resíduos para reciclagem, compostagem, logística reversa, entre outros. O índice de boas práticas da GMT atingiu 98% de materiais que não foram para aterro, registra o certificado.
“Há 18 anos que a empresa investe nesse programa de gestão de resíduos sólidos”, lembra Roberta Moreira Lima Yamacita, presidente do comitê de sustentabilidade da GMT. E durante boa parte desse tempo foi tratado como um projeto social de capacitação de costura. Com a questão da sustentabilidade em pauta no mundo, o PL de Londrina, no Paraná, resolveu documentar todas as ações realizadas.
O primeiro relatório de sustentabilidade da empresa acaba de ser lançado, com os resultados de 2020. Nele, a GMT publica como alcançou o nível Zero Lixo Têxtil.
Roberta conta que, no início, o trabalho de análise e separação das sobras de materiais têxteis era todo manual. Mas já desde que começou, criou produtos para cada fase de resíduo. A automatização da área de corte facilitou o trabalho, permitindo o aproveitamento do encaixe ao máximo.
CORTE DE APROVEITAMENTO MÁXIMO
A produção atual da empresa é de 150 mil calças por mês. De acordo com Roberta, a média de aproveitamento por metro de tecido na GMT atingiu 85%. Os 15% que seriam de perda entram no cálculo de corte para obter novos produtos nos espaços disponíveis do enfesto.
Assim, por exemplo, na parte maior da sobra encaixa máscaras que são doadas já cortadas para projetos de geração de renda da região a fim de serem costuradas e vendidas. São cerca de 200 produtos cadastrados possíveis de serem encaixados.
A parte restante é cortada em quadrados para patchwork ou bolacha de fuxico. “Apenas de 5% a 7% do retalho não tem o que fazer de produto. Mas mesmo isso não é descartado”, ressalta Roberta.
O que sobra manda para a empresa de reciclagem da cidade, que desfibra e faz estopa. Outra parte é desfibrada e vira pluma para enchimento de almofada, colchonetes ou bancos de carro.
E pode virar tecido. Mais recentemente a GMT tem projeto com esse parceiro industrial para processar o resíduo de sarja PT ou colorida até obter tecido para forro de bolso. Conforme explica Roberta, não se trata de um tecido 100% feito de material reciclado porque é preciso juntar algodão virgem na produção.
Atualmente, a GMT opera no corte com Autocad, seis máquinas de 25 metros de comprimento cada uma (duas delas automatizadas), elevador e máquinas de enfesto.
RESÍDUOS VOLTAM A SER PRODUTOS NA GMT
Na sede é feita toda a parte de preparação e corte das peças. A costura é terceirizada, assim como a lavanderia.
Além dos resíduos têxteis já cortados e preparados para costura, a GMT também doa sobras de linha e de outros materiais, como viés. Rolos antigos vão para bancos de tecidos. Pontas de rolos abastecem lojas pequenas e confecções que fazem produtos menores.
Peças inacabadas descartadas pela produção ou de devolução de lojas são reprojetadas que em ações de upcycle voltam na forma de novos produtos, como itens de decoração.
Com essas medidas, a GMT atingiu o equivalente a 8 toneladas de resíduos por mês que deixam de ser descartadas, conta Roberta.
Fora da produção direta, os resíduos orgânicos do refeitório e da cozinha vão para a composteira, virando adubo para o pomar plantado no terreno onde ficam a sede e a fábrica. São descartados apenas os rejeitos de banheiro.
GMT ATINGE EFICIÊNCIA EM ENERGIA E ÁGUA
No mercado desde 1999, a GMT construiu a planta onde funciona em 2010. São dois prédios que ocupam 6,8 mil metros quadrados de uma área total de 11 mil m2.
O projeto incluiu o uso do telhado de um dos prédios para captar água da chuva, que abastece três caixas de 60 mil litros cada uma, com sistema de filtragem e tratamento. O volume é suficiente para atender todo o consumo da companhia. Menos de água potável, retirada de um poço artesiano. De acordo com Roberta, não são retirados nem 10% da capacidade. E nada é obtido da rede pública de abastecimento.
Em 2019, deu início ao projeto de energia fotovoltaica. Novamente, a área de telhado foi usada. As faces do lado leste abrigam os paineis solares que começaram a operar em janeiro de 2020. São suficientes para abastecer o consumo de energia elétrica de toda companhia, gerando excedente de 40%.
Além disso, a construção usou telhas transparentes para reduzir o consumo de eletricidade e as lâmpadas tradicionais foram substituídas por LEDs.
A meta para 2021 é rastrear, medir e neutralizar as emissões de carbono. Pelo relatório de sustentabilidade, a emissão das obras dos prédios, que envolveu o corte de 15 árvores, foi compensada com a plantação de cem árvores frutíferas.
O uso de energia solar é limpo, livre de emissões de CO2. A maior carga está na etapa de transporte, logística e distribuição, conforme os parâmetros do GHG Protocol que a GMT optou por usar para fazer o cálculo. O relatório cita que a emissão da GMT atinge nessa etapa 510 toneladas de CO2 em 2020.