Nova edição brasileira avalia as informações publicadas por 50 marcas, dez delas de jeans.
“Transparência não deve ser confundida com a conduta ética e sustentável das empresas”, avisa o movimento Fashion Revolution Brasil. A recomendação é um alerta sobre a forma desaconselhada com a qual algumas marcas poderiam usar o Índice de Transparência da Moda 2021, cuja edição brasileira foi anunciada esta semana.
Para reforçar o propósito do levantamento, as recomendações que acompanharam a divulgação do índice também destacam que “Uma marca pode publicar uma quantidade considerável de informações e dados sobre suas políticas, práticas e impactos e ainda apresentar más condições de trabalho e degradação ambiental em suas cadeias de fornecimento”. Para em seguida, acrescentar: “Assim como, as marcas podem ter inúmeras boas práticas nos bastidores e não divulgá-las publicamente – o que é uma pena.”
O levantamento para o Índice de Transparência da Moda 2021 considerou as informações publicadas por 50 marcas no Brasil, consideradas mais conhecidas e pelo volume de negócios. A amostra representa dez a mais que na edição de 2020.
São 13 varejistas, dez marcas de jeans, nove de calçados e acessórios, sete de moda esportiva, cinco marcas de luxo, quatro de moda íntima e duas do segmento infantil.
O relatório brasileiro revela em que medida essas 50 marcas de moda divulgam publicamente suas políticas, práticas e resultados. A análise começa pelo site das empresas e adicionalmente é enviado questionário que a marca responde se quiser.
De 50, 24 responderam o questionário com questões adicionais na edição de 2021.
RESULTADOS EM DESTAQUE
:: 18% é a média nacional. Caiu em relação aos 21% de 2020. Aron Belinky, da ABC Associados, que dá suporte técnico à pesquisa, explica que a queda pode estar associada ao número maior de marcas, à evolução do questionário ou à possibilidade de que marcas mostraram menos que antes.
:: A análise abarca 245 indicadores que cobrem tópicos relacionados a respostas à pandemia de Covid-19, práticas de compra, salário justo para viver, igualdade de gênero e racial, circularidade, clima e biodiversidade, relação de fornecedores, entre outras questões.
:: 250 pontos é a pontuação máxima que uma marca pode alcançar. O ITMB (Índice de Transparência de Moda Brasil) geral de 18% corresponde a média de 52 pontos de um total de 250 pontos.
:: Ao todo, marcas e varejistas são classificadas em dez faixas de pontuação entre 0% e 100%.
:: 17 marcas zeraram a pontuação: Besni, Brooksfield, Caedu, Carmen Steffens, Cia. Marítima, Colcci, Di Santinni, Fórum, Kyly, Leader, Lojas Avenida, Lojas Pompéia, Marisol, Moleca, Nike, Sawary e TNG.
:: 08 marcas estão enquadradas entre 1% e 3%.
:: C&A e Malwee atingiram a maior pontuação do grupo. A C&A atendeu 70% do total, embora tenha caído em relação a 2020 quando obteve 74%. O mesmo aconteceu com a Malwee que alcançou 66% de 250 pontos, caindo em relação aos 68% de 2020.
:: Das 50 marcas analisadas no Índice de Transparência de Moda 2021, 22% publicam metas com base científica relacionadas ao clima. Nenhuma delas publica compromisso mensurável para o desmatamento zero.
:: De 50, 20% publicam estratégia mensurável para a gestão de materiais sustentáveis.
:: Do total, 14% divulgam a referência utilizada para definir matéria-prima sustentável.
:: Apenas 20% publicam a quantidade de fibras que usam anualmente.
:: Somente 14% divulgam progresso na eliminação de químicos perigosos.
REALIZAÇÃO
O Índice de Transparência da Moda Brasil 2021 foi elaborado pelo Fashion Revolution CIC e Instituto Fashion Revolution Brasil. Contou com o apoio financeiro da Laudes Foundation e do Sebrae, e da parceria técnica da ABC Associados, consultoria especializada em metodologias para análises do desempenho e perfil de empresas no campo da sustentabilidade empresarial.
O ITMB é uma ferramenta aberta, disponível para consulta.