Instituto C&A reserva 1,5 milhão de euros para inovações

Aberto para iniciativas do mundo inteiro, edital vai selecionar projetos de economia circular na moda, em meio a rumores de que a rede varejista será vendida a chineses

Partindo da constatação de que poucas marcas de moda ou empresas do setor estão redesenhando de fato seus negócios em direção à economia circular, fenômeno que o Instituto C&A chama de ‘lacuna de implementação’, a fundação lança edital para selecionar projetos de inovação que façam a ponte entre a teoria e a prática empresarial, em meio a rumores de que a cadeia varejista será vendida para investidores chineses. Até 18 de fevereiro, o instituto receberá propostas do mundo inteiro, que dividirão o orçamento reservado em 1,5 milhão de euros, para ser distribuído em sete projetos.

Inicialmente serão selecionadas dez propostas e escolhidas sete, explica a fundação. “Estamos buscando maneiras inovadoras de reduzir a lacuna na implementação de modelos circulares em empresas em todos os níveis da cadeia de valor da moda. Esperamos que as iniciativas sejam arrojadas e audaciosas, desafiando o status quo que mantém a indústria da moda linear”, declara em comunicado ao mercado Giuliana Ortega, diretora executiva do Instituto C&A.

O processo de escolha é rápido. Projetos abaixo de 100 mil euros serão notificados em 30 de março, e os demais em maio. Pelo regulamento divulgado, não serão apoiadas propostas que se concentrem em inovações técnicas, do tipo melhoria de gerenciamento de resíduos ou re-upcycling; ou que somente incluam serviços de consultoria com fins lucrativos; nem visem apenas impulsionar uma start up com modelo de negócio circular; ou só inclua pesquisa; ou sejam iniciativas individuais sem estarem vinculadas a uma entidade jurídica registrada.

VENDA PARA OS CHINESES
No domingo, 14 de janeiro, a revista alemã Der Spiegel agitou o mundo dos negócios ao noticiar que a bilionária família dona da C&A estaria negociando a venda da empresa para investidores chineses. A reportagem não cita fontes. A rede varejista, uma das maiores do mundo e com operação no Brasil desde 1976, não disse nem que sim nem que não. Apenas o grupo controlador da C&A, a Cofra Holding, que reúne todos os negócios da família Brenninkmeijer, teria respondido à revista afirmando que a transformação em andamento na C&A incluiria diferentes formas de penetrar em mercados emergentes, como a China ou a web, sem descartar parcerias nem participações externas.

A C&A Foundation publicou nota no site em torno desses rumores de venda aos chineses, afirmando “que se mantém como sempre comprometida em tornar a moda uma força para o bem e para trabalhar em colaboração no sentido de transformar a indústria do vestuário”.