Medida que envolve toda a cadeia de produção faz parte do projeto F.L.X., que prevê emprego intensivo de laser no jeans como forma de atender demandas de moda mais rapidamente
Com o projeto F.L.X. (Future-Led Execution), anunciado ontem, 27 de fevereiro, a Levi’s internacional põe em curso mudanças na forma como vai produzir seu jeans. Uma das bases será o uso intensivo de laser no acabamento do denim, de modo a automatizar etapas. Segundo a empresa, um piloto está em avaliação envolvendo uma série de parceiros, tanto industriais, quanto de varejo, como é o caso da rede Nordstrom. O plano é implantar o novo modelo operacional em toda a cadeia de produção por etapas nos próximos dois anos.
Até 2020, a Levi’s pretende reduzir o tempo de colocar produtos no mercado, o chamado time to market, mantendo qualidade e contando com uma cadeia de suprimentos responsiva (que responde rapidamente às mudanças de consumo) e sustentável dos pontos de vista ambiental e das condições de trabalho. Por esse modelo, a empresa volta no tempo para dar um salto à frente. No início da produção moderna do jeans, a indústria em geral trabalhava com três tipos de lavagens – claro, médio e escuro – que ao longo do tempo ganharam milhares de variações. A Levi’s pretende deixar em estoque essas três bases para que de acordo com as encomendas dos atacadistas serão rapidamente customizadas nos centros de distribuição equipados com máquinas de laser.
Para isso, esses centros de distribuição vão trabalhar a partir de um banco de máscaras de marcação a laser criadas pelo Eureka, o laboratório de pesquisa e desenvolvimento da Levi’s. O parceiro de tecnologia é a espanhola Jeanologia, que além de equipamento a laser, tem em linha gerador de ozônio e outras máquinas e software voltados ao acabamento do jeans.
A decisão de empregar equipamentos automáticos para fazer tarefas humanas terá impacto imediato em duas frentes: tira trabalhadores de ambientes muitas vezes insalubres (mas fecha postos de trabalho manual); e reduz o consumo de produtos químicos, outra meta da Levi’s, que aderiu ao programa ZDHC (Zero Discharge of Hazardous Chemicals), com o propósito de eliminar o uso insumos perigosos na produção do jeans da marca até 2020.
A empresa reconhece que o desafio é grande porque envolve processos internos e também a rede de parceiros industriais que confeccionam sua linha de produtos em várias partes do mundo, incluindo o Brasil, onde voltou a ter produção no ano passado.