Acit busca verba para financiar a construção de uma usina de reciclagem na cidade.
Com 60 lavanderias associadas, a Acit (Associação Comercial e Industrial de Toritama) está envolvida em projeto que testa a viabilidade de transformar em adubo agrícola o resíduo sólido (lodo) gerado pelas lavanderias de jeans da cidade pernambucana. Do projeto participam pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco e da Sudene (Supertintendência de Desenvolvimento do Nordeste). A fase de estudos mostrou que a reciclagem é possível sem risco tóxico para humanos, para as plantações ou ao solo, afirma ao GBLjeans, Enildo Neto, gestor da Acit.
No momento atual, diz, a entidade busca recursos financeiros de modo a construir uma usina de reciclagem capaz de transformar o lodo em adubo. Atualmente, o material que sobra, em torno de cem toneladas, é transportado para aterro industrial, localizado na cidade vizinha de Caruaru ao custo de R$380 por tonelada, explica Neto.
Ele comenta que além das 60 lavanderias industriais de jeans associadas à Acit, Toritama tem mais empresas prestando esse tipo de serviço. Mas acrescenta que o número já foi bem maior. E explica que a atividade se espalhou por outras cidades do polo de confecções. “Surubim tem lavanderias até maiores que Toritama. Virou um braço industrial do Brás, produzindo de 15 a 20 mil peças por semana”, afirma. Vertentes também integra essa rota do jeans.
“Toritama esgotou na capacidade de produção”, ressalta Neto, para explicar a expansão para outras 26 cidades do polo e, também, para estados vizinhos, como Rio Grande do Norte e Paraíba. A expansão tem ainda a ver com a busca das empresas por custos menores de produção dos que hoje econtrados em Toritama.
MUDANÇA DRÁSTICA
Conforme pesquisa do Sebra-PE, realizada em 2019, a produção de Toritama estava estimada em 60 milhões de peças por ano, algo em torno a 15% da produção nacional naquele ano. Atualmente, a cidade conta com 2 mil empresas de jeans e mais 2 mil facções (quase todas muito pequenas e a maioria operando na informalidade).
Depois da pandemia de covid-19 a produção experimentou recuo, assim como mudou o modelo de vendas no atacado. A participação dos canais online aumentou. A ponto de os conhecidos ônibus de excursão de compra chegarem vazios, sem compradores vindo até a cidade, e voltarem carregados de mercadorias compradas via canais digitais. “As excursões entregam a mercadoria aos destinários mais rápido que os Correios no Acre e no Pará. Para a Paraíba, a entrega é em horas”, observa Neto.
Os compradores hoje em dia mantêm ciclos de compra presencial entre 70 e 90 dias. É uma visita à Toritama na qual o lojista testa produtos e faz networking, comenta Neto. Assim não gasta com deslocamento, alimentação, hospedagem, além de se expor menos aos perigos da estrada.
foto: divulgação Festival do Jeans 2023