Primeira ferramenta brasileira do tipo reduz custos, encurta tempo de análise e amplia acesso de empresas ao incluir as pequenas

Empresas brasileiras que precisam compensar emissões de CO₂ ou gerar créditos a partir de projetos ambientais de descarbonização passam a contar com uma nova estrutura no país. A USP (Universidade de São Paulo) lançou a RCGI-USP Carbon Registry, primeira registradora nacional de créditos de carbono, criada pelo Centro de Pesquisa e Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI).
Até então, companhias que desejavam atuar nesse mercado dependiam de registradoras internacionais, com custos em dólar e prazos longos, afirma comunicado do RCGI. A nova iniciativa promete reduzir custos, encurtar prazos e adotar metodologias adaptadas à realidade da indústria e dos 5 biomas brasileiros — Amazônia, Cerrado, Caatinga, Pantanal e Mata Atlântica.
“Uma registradora de carbono se torna mais robusta quando combina dois elementos essenciais: ciência e interesse público — e é isso que a USP traz para o processo”, declarou Julio Meneghini, diretor científico do RCGI-USP, no informe de lançamento.
Na prática, a registradora valida, emite e monitora cada crédito de carbono, garantindo rastreabilidade e integridade, explica o centro. “Sem registro, o crédito não existe — nem para quem precisa cumprir metas de descarbonização, nem para quem deseja vender seus resultados ambientais”, ressalta o comunicado.
O diferencial é que a RCGI-USP Carbon Registry cobra em reais, pratica custos acessíveis e promete análise em até 90 dias, frente aos até 12 meses de registradoras estrangeiras, garante o centro.
FAIXAS DE PLANOS
No primeiro ano de funcionamento, o plano inicial de inventário (até 10.000 tCO₂ por ano) será gratuito. Depois disso, a taxa prevista é de R$89,90 por inventário anual. Mais robusto, o plano Pro cobra R$299,90 por inventário anual. A taxa do plano intermediário é de R$199,90. E tem ainda o plano sob demanda. As faixas mudam de acordo com a complexidade dos serviços.
Micro e pequenas empresas poderão calcular e registrar suas emissões com um sistema autodeclaratório e guiado. Grandes indústrias terão suporte técnico completo, seguindo o padrão internacional GHG Protocol. A plataforma também adota o modelo CCB-SS (Clima, Comunidade, Biodiversidade, Ciência & Social), que destina parte dos créditos para um fundo voltado ao financiamento de pesquisas, projetos sociais e conservação ambiental.
De acordo com o RCGI, a operação ficará a cargo de uma startup vinculada à USP, enquanto a universidade responderá pelo controle metodológico e pela auditoria científica.
Criado em 2015, o RCGI-USP é reconhecido como um dos maiores centros de pesquisa em transição energética do país, reunindo cerca de 800 pesquisadores, envolvidos em dezenas de projetos em áreas que vão de soluções baseadas na natureza e captura de carbono até inovação em sistemas de energia e descarbonização.
foto: apenas a título de ilustração




