Até então no modo piloto, o programa que monitora a cadeia de custódia do algodão abre para o mercado da moda

Durante o Congresso Internacional 2025 da Abit, em São Paulo (SP), na semana passada, a Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão) anunciou a política de adesão ao SouABR, programa de rastreabilidade que monitora a cadeia de custódia do algodão responsável. A política de adesão passa a valer a partir de janeiro de 2026.
Lançado em 2019 como iniciativa atrelada ao Movimento Sou de Algodão, o programa SouABR lançou a primeira coleção rastreável em 2021. Nessa nova fase, o SouABR busca atrair mais empresas de moda, de fiações a varejistas. “A política traz clareza e estrutura para o engajamento das marcas, consolidando o compromisso do Sou de Algodão com uma cadeia mais transparente e responsável”, declarou em comunicado de imprensa Silmara Ferraresi, gestora do Movimento Sou de Algodão.
Só podem participar empresas cujos produtos empreguem tecido que tenha, no mínimo, 50% de algodão na composição. E todo o algodão empregado na produção do tecido deve contar, obrigatoriamente, com a certificação ABR (Algodão Brasileiro Responsável), estabelecida pela Abrapa. O programa permite a mistura de até 50% de outras fibras têxteis. “Mas não são validadas misturas com tipos de algodão não certificados, reciclados, Pima ou orgânicos”, ressalta material da Abrapa.
É possível rastrear a peça desde sua origem no campo de algodão até chegar às prateleiras das lojas de varejo. A plataforma de rastreabilidade SouABR teve desenvolvimento da Abrapa em parceria com a AgTrace.
CUSTO DE ADESÃO
A rastreabilidade deve ser comprovada por meio da integração direta à plataforma SouABR — via API, planilha ou inserção manual — e o uso das tags oficiais do programa com QR code é obrigatório, acrescenta o comunicado de imprensa. Cada marca que ingressar no SouABR deverá convidar sua cadeia de fornecedores a participar, garantindo transparência nos dados e rastreabilidade em todos os elos.
O programa passa a cobrar anuidade e taxa de emissão das tags com QR code de rastreabilidade. Os valores variam conforme o porte da empresa (de MEI a grandes indústrias) e o volume de peças rastreáveis.
A anuidade para MEIs custa R$1.200; pequenas e médias pagam R$6 mil; e as companhias maiores (com faturamento anual acima de R$4,8 milhões), pagam R$12 mil.
Já o custo para emissão de tags varia conforme o volume. Até 50 mil peças, que representa a faixa inicial, custa R$77 mil por ano ao varejo. E vai aumentando por faixa de produção. São 11 faixas de preços. Para a maior, de 35 milhões a 50 milhões de peças, a anuidade sobe para R$2,57 milhões.
Desde sua criação, o programa SouABR contabiliza 578 mil peças rastreáveis, produzidas por 19 indústrias parceiras e marcas.
foto: divulgação




