Material tem potencial para substituir espumas sintéticas e contribuir com a engenharia de tecidos, diz a universidade.

Pesquisadores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) desenvolveram uma tecnologia baseada em aerogel produzido a partir de amido de batata doce. O resultado pode representar uma alternativa sustentável para diversos setores industriais, com destaque para aplicações promissoras nos setores têxtil e biomédico, afirma comunicado à imprensa da universidade.
De acordo com o informe, o aerogel é um material composto extremamente leve e poroso, com baixa densidade, alta resistência e propriedades isolantes térmicas, características funcionais para aplicação em diversas áreas industriais e ambientais. Apesar dessas qualidades, sua produção em larga escala tem sido limitada pelo uso de matérias-primas que, frequentemente, não são biodegradáveis ou compatíveis com processos sustentáveis, acrescenta o informe.
“O aerogel de amido de batata doce baseia-se em um polímero natural e biodegradável, oferecendo uma alternativa viável a materiais sintéticos que geram impactos ambientais”, declara no comunicado Carolina Siqueira Franco Picone, docente da FEA (Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp). Ela integra o grupo de pesquisadores que desenvolveu a tecnologia e reúne acadêmicos da FEA e da Faculdade de Tecnologia (FT) da Unicamp.
APLICAÇÕES
Em função de propriedades de porosidade, biocompatibilidade e mecânicas, o aerogel pode ser utilizado como suporte para o crescimento e o direcionamento celular, favorecendo a adesão e proliferação das células. Essa característica amplia seu potencial de uso em engenharia de tecidos, com possíveis aplicações em materiais para próteses e em pesquisas com tecidos cultivados, área que começa a ganhar tração na moda por meio de iniciativas de tecidos biofabricados, completa o comunicado.
A estrutura tridimensional também torna o aerogel de amido de batata doce compatível com materiais têxteis avançados que exigem leveza, resistência e sustentabilidade — podendo, por exemplo, atuar como alternativa biodegradável ao isopor em enchimentos, isolantes térmicos para vestuário técnico ou até em embalagens industriais mais ecológicas, aponta o informe.
Conforme a agência de inovação da Unicamp, a tecnologia foi testada com sucesso como agente despoluente em águas residuárias e tem aplicabilidade em diversos campos, como substituição de espumas plásticas, encapsulamento de bioativos e suporte para enzimas industriais.
A invenção conta com pedido de patente depositado, com o suporte da Inova Unicamp, órgão responsável pela análise estratégica da proteção da propriedade intelectual da universidade. E, até o momento, não há empresas do setor têxtil em negociação formal para licenciamento da tecnologia, informou a agência Inova Unicamp ao GBLjeans.
Ao todo, 5 pesquisadores participaram do desenvolvimento da tecnologia. Três deles da FEA, com Carolina Siqueira Franco Picone, Ana Clara Troya Raineri Fiocco e Rafael Contatori dos Santos. E outras duas da FT – Patricia Prediger e Natchelie Pereira da Costa Santos.
foto: divulgação