Vicunha, Renner, Reserva e mais sete empresas formam a cadeia inicial do programa SouABR.
Desde 2012, o Brasil conta com a certificação socioambiental ABR (Algodão Brasileiro Responsável), como uma iniciativa da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão. A partir de agora, esse mesmo algodão certificado será a base para o Brasil ter a cadeia têxtil rastreada por blockchain desde a semente no campo até a roupa vendida no varejo. Dessa iniciativa de estreia, participa a Reserva, que lançou a primeira coleção masculina rastreável no início de outubro, e mais nove empresas.
A varejista de moda Renner entrará com coleção rastreada voltada para o segmento feminino a partir de 2022. Mas a cadeia de fornecimento envolvida nesse início do projeto contempla outras oito empresas. A Vicunha é a única a representar o setor de denim e sarja.
Também compõem a cadeia têxtil rastreada a Fiação Fio Puro e a Incofios, na área de fiações; a tecelagem RenauxView; a malharia Dalila Têxtil; ByCotton, EGM e Lavinorte, são as confecções.
Em 2023, o primeiro programa de rastreabilidade nacional SouABR estará disponível para toda a cadeia têxtil local, informa a Abrapa em comunicado à imprensa.
SouABR
O programa de rastreabilidade SouABR brotou do movimento Sou de Algodão, ao qual aderem diversas empresas interessadas em valorizar o uso da fibra brasileira.
Conforme a Abrapa, o projeto de rastreabilidade está em desenvolvimento há cerca de um ano e meio. Na área de tecnologia da informação, a plataforma para ter a cadeia têxtil rastreada foi fornecida pela consultoria EcoTrace, que cria soluções de blockchain para o agronegócio.
“Através da rastreabilidade total de uma peça de roupa, é possível identificar a origem certificada do algodão e todas as empresas e etapas pelas quais a matéria-prima passou até a sua venda como produto final. Esta é uma forma de promover meios de produção justos e informar, com transparência, a origem de uma peça adquirida no varejo”, destaca página do Sou de Algodão sobre o programa de rastreabilidade.
Para dar transparência às informações coletadas ao longo de todo o processo, as roupas devem conter uma tag com QR Code impresso. Fazendo a leitura do código pelo celular, o consumidor “pode conhecer a fazenda onde o algodão com certificação socioambiental foi cultivado, a fiação que o transformou em fio, a tecelagem ou a malharia que desenvolveu o tecido ou a malha e a confecção que cortou e costurou”, detalha o comunicado à imprensa.
Ainda de acordo com o Sou de Algodão: “Todas as peças rastreáveis do programa SouABR usam, no mínimo, 70% de algodão, em sua composição, sendo que 100% dessa fibra natural presente no produto tem certificação socioambiental (ABR)”.
EMPRESAS DO PROGRAMA
“É uma jornada longa conseguir levar essa certificação até a palma da mão do consumidor, nos enche de orgulho! Nosso cliente está mais exigente e estamos buscando entregar o que ele pede: responsabilidade e transparência.” Júlio Cézar Busato, presidente da Abrapa.
“É nosso dever como uma das principais têxteis brasileiras e referência mundial em jeanswear contribuir para um mundo mais sustentável e transparente com a sociedade. Fazer parte de projetos e programas como o SouABR também está alinhado às estratégias do negócio Vicunha”, analisa Marcel Imaizumi, diretor de operações, supply chain e novos negócios da Vicunha.
“Quando se trata de sustentabilidade, é quase inevitável associá-la ao produto acabado. Mas ela começa muito antes, como, por exemplo, com a escolha da matéria-prima e, a partir daí, capilarizada para todo o processo produtivo. A preferência por algodão certificado e rastreável demonstra um compromisso não apenas com a qualidade dos produtos, mas com todo um cenário de responsabilidade socioambiental e transparência na indústria têxtil”. Fernando Sigal, diretor de produto da Reserva.
“Nossa jornada em moda responsável tem nos provocado a desenvolver uma série de iniciativas de inovação que busquem a evolução da indústria e sua cadeia de valor. Este projeto em parceria com a Abrapa e a Reserva mostra como é possível conciliar moda, sustentabilidade e tecnologia com o propósito de que essa indústria seja cada vez mais transparente. Estamos muito orgulhosos de fazer parte dessa construção pioneira.”, Eduardo Ferlauto, gerente geral de sustentabilidade da Lojas Renner.
* Da esq para dir: Alexandre Schenkel (cotonicultor e vice-presidente da Abrapa); Fernando Conti (gerente comercial da fiação Incofios); André Klein (diretor comercial da malharia Dalila); Diogo Imhof (gerente nacional de vendas da RenauxView); Savio Costa (gerente industrial da Vicunha); Rosi Strazza (sócia e gerente de desenvolvimento de produto da Lavinorte); Bruno Bittencourt (diretor comercial da EGM); Alan Abreu (especialista em sustentabilidade da Reserva).