Sistema da Blueye conta com câmeras instaladas nas lojas que enviam informações para avaliar, por exemplo, o nível de conversão de vendas em relação ao número de pessoas que passaram pelo estabelecimento.
A tendência de dar aos gestores de lojas físicas mais ferramentas para conhecerem seus clientes assim como acontece no comércio eletrônico incentivou a criação de um sistema pela startup Blueye, que nasceu em Natal (RN), a partir de uma consultoria para varejistas. A empresa desenvolveu um software de gestão de relacionamento com o cliente (CRM na sigla em inglês) que gera informações relevantes para a tomada de decisão de empresas de varejo a partir de imagens captadas por câmeras instaladas dentro do ponto de venda. “Queríamos ir além dos sistemas contadores de clientes”, afirma o CEO da Blueye, Álvaro Barbosa
Informações sobre o número de pessoas que visitaram as unidades, período, sexo e faixa etária são armazenadas e consolidadas ao final do dia, permitindo, por exemplo, saber a taxa de conversão de vendas, ou seja, das visitas registradas quantas compraram. O sistema utiliza uma câmera instalada nas entradas da loja e outros lugares estratégicos e faz a análise facial do consumidor.
Um cliente da Blueye, por exemplo, constatou que a equipe da manhã fazia mais vendas do que o pessoal da tarde, embora o fluxo fosse menor. “Tendo essa informação em mãos foi possível inverter as equipes, colocando gente mais capacitada para atender o movimento daquele período, aumentando o faturamento em 8%”, diz Barbosa.
Informações sobre faixa etária e gênero no fluxo das lojas por período permite que os lojistas invistam em ações específicas e campanhas segmentadas, medir o tempo que o cliente fica na loja e o ticket médio. Uma rede de lojas pode consolidar as informações sobre vendas e gerar um alerta para pontos com resultado inferior. Com isso é possível definir estratégias como o treinamento da equipe, mudança no mix de produtos e layout da loja. Hoje a Blueye atende principalmente lojas em shoppings, devido à iluminação desses estabelecimentos ser constante, mais propícia à instalação de câmeras. “Estamos aprimorando o sistema para o uso em lojas de rua”, diz Barbosa.
A Blueye passou por um processo de aceleração do programa Start Up Brasil, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e recebeu investimento privado, abrindo um escritório em Belo Horizonte (MG). De acordo com Barbosa, a equipe segue estudando outros avanços na inteligência do varejo, como o reconhecimento do cliente que olha uma vitrine, integrado a um alerta de promoção daquele produto, enviado para o celular da pessoa, entre outros recursos. “Hoje 90% das compras ainda acontecem na loja física, por isso é necessário desenvolver mais ferramentas para que o gestor da loja possa ter recursos que permitem converter aquelas ações em vendas”, ressalta Barbosa. Outra linha de pesquisa é da integração das informações da loja física com o e-commerce, para que os pontos de venda se tornem um canal único.
O sistema da Blueye custa R$ 300 por mês conforme o porte da loja. Entre os clientes da empresa estão algumas franquias de OBoticário.