O e-Touch ganhou versões em bases planas, incluindo um jacquard, e malha desenvolvidas nos laboratórios da universidade
Desde 2012, a faculdade de Engenharia Têxtil do Centro Universitário FEI tem pesquisado tecidos inteligentes. Ao longo desse tempo, os experimentos ganharam múltiplas versões, como uma base plana para ser usada de revestimento em decoração. Junto com outros cursos da universidade criou a almofada inteligente. Sensível ao toque e com propriedades elétricas, o objeto substitui por exemplo as funções de controle remoto mandando sinais para um celular dentro da casa do futuro, projeto multidisciplinar da escola e que atraiu inclusive o interesse de um fabricante de tecidos para decoração.
A empresa avalia entrar no segmento de e-textile, mas, a fase é ainda de tratativas, explica a professora Camilla Borelli, do departamento de Engenharia Têxtil da faculdade. Ela conta que o Touch é um tecido sensível ao toque dos dedos porque incorpora em sua estrutura um sensor tátil. “Fizemos em uma estrutura de tecido plano encorpado com fios condutores”, conta a professora. Desenvolvido dentro dos laboratórios da FEI, desde então, o Touch passou por uma série de ensaios com o propósito de validar suas propriedades, tanto as elétricas quanto as têxteis.
Foram testados aspectos de usabilidade, conforto e manutenção do tecido, como não apresentar problemas quando lavado, observa Camilla. E o tecido apresentou uma boa pontuação, garante. Segundo ela, os primeiros tecidos eram encorpados, como os usados para fazer uniformes ou o denim para calça jeans. Mais recentemente a equipe desenvolveu um tecido jacquard inteligente, além de outras padronagens, e mesmo uma malha.
PESQUISA APLICADA
Além da almofada eletrônica, o núcleo de pesquisa tem outros produtos em teste. No ano passado, alunos de graduação desenvolveram roupa pós-cirúrgica para ser usada em animais de estimação que passam por intervenção. Nesse caso, o tecido aquece de acordo com a necessidade e mantém o animal nas condições clínicas exigidas para seu restabelecimento. De acordo com a professora, o mesmo princípio poderia ser aplicado em roupas para idosos ou bebês, que precisam manter a temperatura corporal adequada.
O próximo passo para o projeto Touch é também na área da saúde. Visa empregar o e-textile em lençóis ou colchões de camas hospitalares a fim de medir batimentos cardíacos, pressão arterial e temperatura corporal em pacientes internados, ou mesmo para monitorar condições de sono.
Outro projeto da faculdade de Engenharia Têxtil é o desenvolvimento em curso de uma camiseta com funções inteligentes, destinada à prática de esportes. Feito de malha comprada no mercado, o protótipo usa duas camadas de tecido e entre as duas foram instalados sensores e um processador. “Todos os dispositivos eletrônicos são laváveis”, destaca a professora Camilla. A intenção é verificar sinais de temperatura e umidade e regular o padrão a partir de comandos a serem executados a partir de um smartphone. “Estamos em fase de aprimoramento do protótipo, junto com Engenharia Elétrica e com a Engenharia de Computação para desenvolver um app de controle pelo celular”, conta a professora.
O Centro Universitário FEI fica em São Bernardo do Campo (SP) e é mantido pela Fundação Educacional Inaciana Pe. Sabóia de Medeiros. O curso de Engenharia Têxil é o primeiro criado no país nessa área.