Inovação em fibras têxteis chega ao mercado

Inovação em fibras têxteis chega ao mercado

A chinesa Nextevo inaugura fábrica de fios à base de abacaxi e a alemã AMSilk produz seda artificial e biodegradável.

Duas empresas de continentes diferentes anunciaram avanços na inovação em fibras têxteis. A startup chinesa Nextevo, especializada em ciência de materiais, inaugura uma unidade de produção que transforma a fibra obtida da coroa do abacaxi em produto pronto para as fiações. Da Alemanha, a AMSilk participa pela primeira vez da Première Vision demonstrando os fios de seda artificial, desenvolvidos a partir de proteínas e que são biodegradáveis.

NEXTEVO COM FIOS DE ABACAXI

Inovação em fibras têxteis chega ao mercado

Com sede em Cingapura, a Nextevo avança com a inovação de processo que obtém fibras têxteis usando a coroa de folhas do abacaxi. Além do produto desenvolvido para aplicação têxtil, o processo dá nova destinação aos resíduos das plantações de abacaxi, que antes eram queimados ou então deixados para se decompor, explica a empresa.

Para a extração das fibras, o método emprega processo mecânico que a empresa pretende escalar com a operação da fábrica instalada na província de Dong Nai, no Vietnã. Por comunicado à imprensa, a Nextevo explica que escolheu montar a fábrica no Vietnã atraída pela forte e integrada cadeia de suprimentos têxteis daquele país.

Além disso, o Vietnã é o terceiro maior exportador têxtil do mundo, acrescenta o informe. Dong Nai onde fica a nova instalação da Nextevo também configura posição estratégica por estar próxima aos principais terminais marítimos do Vietnã, da moderna cidade de Ho Chi Minh e de grandes fabricantes têxteis verticalmente integrados. “Essa interconectividade aumenta a eficiência de custos e reduz a necessidade de transporte terrestre de longa distância, minimizando as emissões”, argumenta a empresa no comunicado.

O insumo é importado das Filipinas, Indonésia e África Oriental. Está no radar da Nextevo comprar resíduos do abacaxi de produtores do Vietnã e da Índia, acrescenta o informe.

Conforme a Nextevo, a fibra Pineapple RTS é processada internamente; e os fios podem ser combinados com outras fibras como algodão orgânico, liocel e poliéster reciclado. Versátil, a fibra tem aplicação têxtil em vestuário, acessórios, calçados, artigos para o lar e revestimento interior para o segmento automotivo. Entre os projetos realizados, a empresa destaca a cápsula de jeans desenvolvida com a espanhola Bershka, do grupo Inditex.

SEDA ARTIFICIAL DA AMSILK

Inovação em fibras têxteis chega ao mercado

Na feira Première Vision, que terminou nesta quinta-feira, 4, em Paris, a AMSilk apresentou seus fios biofabricados derivados da proteína artificial de seda (teia) de aranha. Documento da empresa explica que o trabalho começou em 2008 com a ideia de produzir industrialmente o fio da teia de aranha, material versátil e duas vezes e meia mais forte que o aço.

Ao longo do tempo, o trabalho mudou e, hoje, a AMSilk transforma proteínas artificiais em formulações, incluindo fibras e fios (AMSilk Fiber), hidrogéis e pó de seda. Entre as aplicações da seda artificial, a AMSilk cita os fios superfinos para tecidos de moda até fios super resistentes para materiais avançados, como compósitos ou calçados esportivos. No uso médico, o material é empregado para revestir implantes mamários de modo a prevenir infecções e reduzir complicações pós-operatórias.

Para aplicação têxtil, a empresa obteve em junho a certificação Life Cycle Assessment (LCA) Cradle-to-Gate. Para efeito de análise, a certificadora Quantis comparou a pegada ambiental da fibra ultrafina AMSilk com a seda de amoreira em cinco indicadores ambientais: mudança climática, uso da terra e da água, acidificação e eutrofização da água doce.

“No geral, a redução dos impactos ambientais associados às fibras AMSilk pode ser atribuída à sua natureza biofabricada, que contorna os processos intensivos em recursos de criação de bichos-da-seda e coleta de casulos inerentes à produção de seda”, afirma o comunicado de imprensa.

fotos: divulgação