Internet das Coisas aplicada ao varejo

Latam Retail Show, realizada na semana passada, em São Paulo, mostrou novas tecnologias para identificar clientes dentro da loja por meio de rede wi-fi.

Comércio eletrônico, redes sociais, blogs de moda. São muitos os canais de relacionamento virtual disponíveis aos varejistas. As lojas físicas, por outro lado, também estão adotando ferramentas para conhecer o perfil do cliente e torná-lo fiel. Para isso, outra sigla do vocabulário da tecnologia da informação chega ao dia a dia das empresas: é a IoT, ou Internet das Coisas, em português, que nada mais é do que dispositivos conectados entre si e com as pessoas. Durante o Latam Retail Show, exposição sobre tecnologias do varejo, realizada na cidade de São Paulo de 24 a 27 de agosto, foi apresentada a Loja do Futuro, espaço onde os visitantes puderam conhecer, na prática, como preparar o ambiente de compras de forma a atrair e conhecer melhor o consumidor e, dessa forma, ser mais competitivo.

“Na Loja do Futuro, um sistema acompanha e gerencia o caminho percorrido pelas pessoas dentro do estabelecimento, descobrindo qual setor é o mais visitado e exibindo mídia direcionada de acordo com a idade e sexo, por exemplo”, explica o presidente da integradora de soluções tecnológicas 2S, Renato Carneiro, que participou do Latam Retail Show em conjunto com a Cisco. De acordo com ele, a IoT é um conceito simples: são conexões entre as coisas com um propósito. Por exemplo, um parquímetro lê a chapa do carro e informa o horário de entrada e saída do veículo estacionado e envia essa informação a uma central de controle. O mesmo conceito é aplicado à Loja do Futuro.

Assim que o consumidor se loga à rede wi-fi da loja, apenas uma vez, ele será monitorado por meio do seu celular, permitindo saber os corredores que percorreu, quais departamentos visitou e lugares onde ficou por mais tempo. Ao fazer a compra e informar seu CPF, mais informações são armazenadas sobre esse consumidor e cruzadas com as do celular. As informações do caixa e do caminho percorrido são consolidadas por um sistema da Cisco, o CMX (Connected Mobile Experiences) e podem ser acompanhadas por um dashboard (central de controle) instalado na estrutura de retaguarda da loja. O sistema mapeia as passagens das pessoas e aponta as zonas ‘quentes’ de compra, informando, por exemplo, se uma promoção foi eficaz medindo quantas pessoas passaram por aquele local, entre outros dados. “A IoT no varejo conecta o produto, a loja e as pessoas, permitindo que o lojista conheça o cliente”, diz Carneiro.

No caso de uma rede de lojas, ao entrar em qualquer um dos pontos de venda e se logado pela rede wi-fi local, o cliente é reconhecido e a loja pode enviar pelo celular promoções segundo seu perfil e histórico de compras, com informações a partir do CPF. Mesmo sem entrar em contato com o cliente daquela vez, a varejista, no final do mês, mapeia onde o cliente foi, quais seções percorreu e o que comprou. Após um período, pode enviar uma promoção por e-mail para que aquela pessoa volte à loja. Toda a triangulação dos passos do cliente na loja é feita por antenas de wi-fi. “O sistema permite análise de taxas de conversão de vendas de promoções, fazer pesquisas junto a esse comprador e até planejar produtos a partir da demanda”, diz Carneiro.

Alguns shoppings estão testando o sistema para mapear pontos mais concorridos e conhecer melhor o frequentador, traçando perfis, tanto dos consumidores quanto daqueles que só frequentam a praça de alimentação ou só vão ao cinema. A partir da entrada da pessoa no shopping, a central pode avisar os lojistas quando um cliente daquela loja está passando por perto. “Isso permite formatar promoções relâmpago e outras iniciativas para atrair o cliente”, aponta Carneiro. Outra aplicação do sistema é em feiras, onde os organizadores podem monitorar os clientes e suas visitas aos estandes. Segundo a consultoria Gartner, o varejo precisa de dados analíticos para ser mais competitivo. Para aproveitar as oportunidades com a digitalização dos negócios e a IoT, segundo a consultoria, os varejistas terão de tomar decisão em tempo real com novas abordagens de marketing, merchandising, preços, distribuição, operações de armazenamento e outros processos internos.