Polímero é extraído de algas marinhas vermelhas presentes no litoral do nordeste brasileiro.
Na busca por substituir fibras têxteis derivadas de insumos petroquímicos não-renováveis, uma estilista brasileira teve uma ideia inovadora. Seu projeto de pesquisa cria fibra têxtil de ágar, substância usada comumente em cosméticos e alimentos. Trata-se de um polímero extraído de algas marinhas vermelhas, do tipo Rhodophyta, abundantes no nordeste brasileiro, explica a pesquisadora Thamires Pontes em comunicado à imprensa.
A ideia esteve entre os 12 projetos brasileiros finalistas do No Waste Challenge, um desafio para Ação Climática realizado pelo What Design Can Do em parceria com a Fundação Ikea. O objetivo da competição global é atrair soluções arrojadas para reduzir o lixo, o desperdício e repensar todo o ciclo de produção e consumo.
“Atuo na indústria têxtil há quase 10 anos e por vivenciar o outro lado da moda, despertou a vontade de ter meu próprio tecido. Para minha surpresa, conheci o ágar pela gastronomia molecular, e durante a minha pesquisa descobri que vai muito além dos alimentos e cosméticos. Quero colocar no mercado da moda um produto 100% brasileiro, mostrar para o consumidor uma forma de consumir consciente, propagar o conceito slow fashion e aplicar a verdadeira circularidade na cadeia têxtil completa. No momento, para viabilizar testes de produção em escala industrial, estou em busca de incentivo e financiamento”, explica Thamires na nota à imprensa.
APARÊNCIA DE VISCOSE
De acordo com ela, além de orgânica e biodegradável, a fibra têxtil de ágar é de fácil fabricação. Não demanda grandes quantidades de recursos naturais e tem baixo custo. Conforme Thamires, essas fibras são compostáveis, não-tóxicas e apresentam características especiais como a biocompatibilidade.
Prontas, assemelham-se a fios de náilon ou poliéster. Ela afirma que obteve bons resultados em resistência e tingimento em laboratório. O tecido produzido com essa fibra tem a aparência de seda e viscose, ressalta.