R-Inove cria tecnologia de rastreio pelo fio

R-Inove cria tecnologia de rastreio pelo fio

Startup do Paraná usa sistema em código binário e fecha com a Natural Cotton Color.

Com três anos de mercado, a startup de inovação para o setor têxtil R-Inove desenvolveu um sistema de rastreabilidade pelo qual ‘imprime’ um código binário no fio. A partir desse código binário é possível o rastreio da peça desde o campo até a loja de varejo, carregando informação de produto e processos, explica Micheline Maia Teixeira, engenheira têxtil que fundou a empresa em Maringá (PR), em 2019.

Ela explica que escolheu marcar o fio “justamente porque ele é o elo da cadeia entre o campo e o que vai à frente”. A R-Inove foi uma das empresas a ocupar o espaço reservado para startups na Febratex 2022, realizada entre 23 e 26 de agosto, em Blumenau (SC), considerada a maior edição da história da feira em área ocupada e número de expositores.

Embora o código seja aplicado no fio, a R-Inove decidiu começar a divulgar a solução tecnológica de rastreabilidade pelas marcas. “Meu cliente é a marca que queira separar o produto verdadeiro do falso. Que queira mostrar rastreabilidade de produto e processo ou mostrar a transparência da sua marca”, ressalta.

Conta que a Natural Cotton Color, da Paraíba, é um cliente recente que adotou a solução para combater falsificações. O contrato foi fechado no final da safra atual de algodão colorido e a solução foi aplicada, portanto, nas peças remanescentes da coleção. O código mostra de onde saiu o algodão, a tecelagem feita no Senai, qual tinturaria e a confecção.

A startup também negocia com marcas de produtos de malha que contam com fiação e malharia próprias.

COMO FUNCIONA

R-INOVE CRIA TECNOLOGIA DE RASTREABILIDADE PELO FIO TÊXTIL

O cliente tem duas opções para incluir a impressão no fio. Para quantidades pequenas, a R-Inove imprime e manda o fio para a empresa entregar para a malharia com a qual trabalha. “Senão a gente leva o nosso equipamento para essa marca dentro do site dela para rodar o produto na medida que vai fazendo”, explica Micheline.

Já fez alguns testes em tecido denim, imprimindo o código no fio de urdume e no fio de trama. A maior parte dos processos de lavanderia não afeta a leitura do código, afirma. Porém, efeitos como rasgos ou lixados severos podem danificar a ‘impressão’, quebrando o código.

Micheline ressalta que o código pode ser colocado em um único fio, como no caso de uma malharia circular, guardando todas as informações que a marca ou varejista decida divulgar.

“Fazendo uma analogia é como se fosse um código de barras mas em vez de ser em pé, é deitado. O código permanece no processo têxtil a vida inteira. Você consegue ler o código em qualquer etapa”, afirma.

O código fica visível sob luz ultravioleta. Uma simples lanterna com esse recurso basta para procurar a marcação na peça. Para ler as informações, o usuário precisa baixar para o celular o app da R-Inove. Depois tem que digitar o código, que funciona como a chave que abre todas as informações relativas à peça.

STARTUP INCENTIVADA

Diferentemente da rastreabilidade feita por blockchain, que combina balanço de massa e nota fiscal, o código da R-Inove fica guardado no próprio produto, salienta Micheline.

Ela explica que chama de impressão do código para facilitar o entendimento mas que se trata da aplicação de uma formulação química de marcação revelada sob luz ultravioleta. E que não altera em nada o processo têxtil. O valor da aplicação varia conforme a quantidade de códigos impressa.

A R-Inove recebeu fomento do programa de aceleração do Paraná, Sinapse da Inovação. Também foi uma das selecionadas do Programa Mulheres Inovadoras da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), da Região Sul, na edição de 2021.