Empresa catarinense que produz vestuário de esportes de aventura foi escolhida pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a ABIT para incorporar novas tecnologias em sua linha de produção.
A empresa catarinense Sol Sports, de Jaraguá do Sul, foi escolhida para abrigar a Confecção do Futuro, projeto em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) que colocará em funcionamento uma planta industrial inovadora em técnicas e gestão. A iniciativa tem a colaboração da Fundação Certi e do Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil do Senai (Senai Cetiqt).
O sócio diretor da Sol Sports, Ary Pradi, conta que a empresa fabrica uma linha de vestuário para esportes de aventura com tecidos tecnológicos e a inovação faz parte do dia a dia. O primeiro passo para a implantação da nova planta será um diagnóstico dos processos atuais e a definição de agenda de etapas, além do treinamento de 20 gestores que farão parte do projeto.
Segundo Pradi, a idéia foi gestada junto à Abit a partir da simulação de um ambiente para uma confecção de camisaria, no qual foram apresentados aspectos de inovação, produtividade e eficiência ideais a serem desenvolvidos. Como fabricante de paragliders há mais de 20 anos, e uma linha de vestuário, há apenas quatro anos, reuniu características ideais para participar do projeto. “Temos uma gestão técnica avançada de melhoria contínua da produção da linha de vôo e buscamos mais eficiência na linha têxtil”, diz Pradi.
A empresa produz vestuário esportivo de aventura e fitness – masculina e feminina – usando tecidos com proteção contra raios UV, roupas dry com elastano de contenção do suor, peças biofit com onda ultravioleta para melhorar a recuperação celular após a malhação, e tecidos silver que ajudam a manter a temperatura do corpo após o exercício. Na semana passada, Pradi esteve na feira de esportes Outdoor, em Salt Lake City, nos Estados Unidos, para conhecer as novidades mundiais em esportes de aventura e tecidos inovadores. “Toda a tecnologia desenvolvida no hemisfério norte é voltada para baixas temperaturas e nosso objetivo é desenvolver tecidos pensados para países tropicais com usabilidade, conforto e processos produtivos eficientes”, afirma o executivo. Atualmente, os laboratórios da Sol Sports pesquisam tecido repelente a água e insetos. “Outra frente é a criação de roupas tecnológicas voltadas ao trabalho, para profissionais como bombeiros e salva-vidas, que hoje usam roupas inadequadas ao excesso de calor ou umidade”, afirma Pradi.
INTEGRAÇÃO COMERCIAL
A Confecção do Futuro também abarca o âmbito comercial, integrando o canal de distribuição ao comércio eletrônico. Nesse aspecto, segundo Pradi, a Sol Sports se antecipou ao mercado com o desenvolvimento de um portal eletrônico de vendas que tem conexão direta com a produção industrial e faz gestão de indicadores. Com a produção de 8 mil a 10 mil peças por mês, conta com duas lojas próprias – um showroom junto a fábrica e um outlet -, 12 lojas parceiras que oferecem a marca com exclusividade, além de 50 representantes comerciais que alcançam 500 multimarcas. “Nosso objetivo é trabalhar com 3 mil lojas em três anos com a linha têxtil”, afirma o executivo.
Além da geração de benefícios técnicos, a Confecção do Futuro envolve a incorporação de conceitos como conforto e melhora de performance em atividades ao ar livre. “Queremos ser um case para que outras indústrias de vestuário, não só para as grandes, mas também pequenas e médias, para que possam incorporar sistemas de gestão eficientes e lucrativos”. Em sua opinião, as novas tecnologias geralmente são aplicadas em grandes redes de varejo e pouco na indústria. “Assim como o design do paraglider se espelhou na aviação para seu desenvolvimento, buscamos transpor essa inovação também para o vestuário”, afirma.
A Sol Sports exporta 40% da produção de paragliders para 72 países, e entre 3% a 4% da linha têxtil. De acordo com Pradi, a alta do dólar impactou a produção devido ao aumento das matérias primas, mas o efeito deve ser amortizado nos próximos 12 meses, quando a empresa ampliará exportações.