Ao lançar um plano de assinatura de uso, Coleção.Moda deixa ferramenta de controle de ciclo de produto acessível aos pequenos.
Na esteira de inovações brasileiras, uma startup olhou para o mercado de roupas. Certo que para isso contou com a experiência de estilista de uma das sócias. Thiele Biff conhecia bem a realidade das confecções nacionais. A Coleção.Moda desenvolveu um PLM (sigla em inglês para sistema de gestão de ciclo de vida de produto) que até um estilista independente pode usar. Até, então, o mercado contava com software mais sofisticados, de uso complexo, e caros para os padrões de investimento das confecções nacionais.
Não se trata de uma versão simplificada. O que a startup fez foi levar a ferramenta para a nuvem. Não cobra
por licença de uso ou instalação, nem taxa de manutenção. O modelo é o de plano de assinatura do serviço, acessado remotamente, explica Thiele, que fundou a empresa em 2015 junto com um sócio da área de TI. Cobra por marca inserida e por usuário. A tarifa básica é de R$ 190 por mês, que contempla o controle de uma marca e um usuário. A inclusão de mais usuários requer o desembolso de mais R$ 50 por login adicionado.
O impulso veio em 2018 com o lançamento oficial da plataforma. Sob o Coleção.Moda, hoje, transitam em torno de 600 marcas. De um grande PL, que atende 20 marcas, a estilista independente que trabalha uma marca por vez, conta Thiele.
DESENVOLVIMENTO ORGANIZADO E CONTROLE
O foco é facilitar o planejamento da coleção. Reúne no mesmo lugar, paineis de tema, imagens de referência por peça criada, fichas técnicas do produto, grade de tamanhos, cronograma de prazos e outras etapas do desenvolvimento, como a construção da peça-piloto. “Na maioria dos casos, são controles feitos manualmente ou guardados em inúmeras planilhas do tipo Excel”, descreve a empresária. Pela plataforma, os processos são os mesmos. Mas organizados, com a vantagem de que as informações ficam guardadas no mesmo repositório e acessíveis a todos os envolvidos.
Um mapa de filtros permite que se saiba, em segundos, por exemplo, quantos modelos foram criados por cada tema da coleção ou família, tipo de produto e custo por peça. “Os filtros permitem saber quantos e quais produtos estão aprovados, por que a coleção está atrasada, quais peças e quantas tiveram repilotagem e quantas vezes foram refeitas”, aponta Thiele. Segundo a especialista, um gestor perde pelo menos duas horas por dia só para acompanhar o desenvolvimento da coleção. “A plataforma faz isso em segundos”, garante.
NOVAS FUNCIONALIDADES E INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Entre as novidades liberadas neste mês, a plataforma passa a permitir anotação direta sobre a foto da peça, como se faz em ficha de papel, para deixar recado para a modelista. Ou um lembrete de ajuste para o próprio estilista.
À ferramenta de PLM, a plataforma integrou um recurso de inteligência artificial. O robô Donna foi preparado para extrair tendências a partir de fotos de desfiles das semanas internacionais de moda, separados por temporada e marcas. Donna classifica a passarela por cores e modelos, blusas, calças, saias e assim por diante. A próxima etapa é ‘ensinar’ o algoritmo a identificar estampas e tipo de tecido, antecipa Thiele.