Universidade cria etiqueta para ser lida pelo celular

O sistema desenvolvido por universidade cearense pode ajudar os cegos a escolher roupas, a partir de dados como tipo, modelo, tamanho cor e fabricante.

O Núcleo de Acessibilidade Virtual do IFCE (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará), em Fortaleza, desenvolveu um projeto de acessibilidade virtual para facilitar as compras realizadas por deficientes visuais. O projeto visa tornar as etiquetas de roupas acessíveis para os cegos que usando o aplicativo QR Code, um método de identificação de dados que é lido e escaneado por celulares, podem ouvir as informações sobre o produto.

“Existem muitas áreas de aplicação para o QR Code, o seu uso está crescendo consideravelmente, principalmente por empresas e mídias impressas tradicionais”, conta Agebson Rocha Façanha, responsável e coordenador do projeto. Estimulada por esse movimento, a equipe do núcleo da universidade decidiu desenvolver um sistema destinado a etiquetas de roupas. O QR Code consiste em um gráfico 2D, aplicado a um quadrado impresso com marcações em preto e branco, que pode armazenar informações de texto, imagens, páginas de internet e diversas outras informações de produto. O aplicativo, que funciona a partir de celulares com tecnologia Android, SymbianOS ou iOS, pode ser baixado gratuitamente.

“No caso de peças de vestuário, por exemplo, a descrição do produto poderá ser um texto (contendo preço, nome, tamanho, cor e descrição de sugestões de uso) ou a indicação de um link informando mais informações sobre a peça na internet”, comenta Agebson. Para ter acesso às informações contidas no QR Code, o usuário precisa ter um smartphone com câmera, porque a etiqueta tem que ser fotografada, dotado de dois aplicativos: o leitor de código de barras 2D (para reconhecer o QR Code) e o leitor de tela, que fala as informações recebidas. Ambos os aplicativos podem ser baixados pelo usuário via internet e são gratuitos.

Para testar o projeto, foram realizados testes com deficientes visuais. Um deles envolveu um grupo de cinco cegos, cujo objetivo era encontrar a etiqueta com código QR Code costurada em uma blusa, contendo informações como tipo, modelo, tamanho, cor e fabricante. Cada um deles, testou o aplicativo usando celulares com dois sistemas operacionais móveis diferentes: o SymbianOS, encontrado nos equipamentos Nokia, e o iOS, do iPhone, da Apple. Segundo Agebson, todos os deficientes visuais, em ambos os sistemas, entenderam a informação descrita na etiqueta.

A aplicação comercial desse sistema encontra, porém, algumas dificuldades. A padronização do local em que a etiqueta deveria ser pregada é uma delas, uma vez que o cego precisa posicionar o celular para fotografar a etiqueta com o código. “Esse é um grande problema dado a diversidade de embalagens e padrões de etiquetas existentes”, explica o coordenador do núcleo que levou um ano para completar o desenvolvimento do sistema. O projeto já foi premiado, recebendo em novembro o reconhecimento na categoria setor público, no quesito Acessibilidade, concedido pela revista ARede, especializada em tecnologia para inclusão social.

*com reportagem de Karen Cabral

fotos: divulgação