Entidade aponta pressão da indústria por aumento de preços em diversos insumos, com impacto sobre a coleção em desenvolvimento.
Junto com a retomada do consumo, o varejo de moda sente a pressão por parte da indústria por aumento de preços. Por isso, a ABVtex prevê inverno 2021 mais caro. “Temos sentido esta pressão nos insumos: no algodão, aviamentos, elásticos, cartonagens para embalagens, entre outros. O maior impacto poderá ser sentido nas coleções de outono/inverno de 2021”, declarou em comunicado à imprensa Edmundo Lima, diretor executivo da associação que representa o grande varejo de moda, incluindo vestuário, calçados e acessórios.
Pesquisa da entidade realizada ao final de outubro, registrou alta no nível de utilização da capacidade instalada (Nuci) das confecções e fábricas de calçados que atendem às cerca de cem marcas varejistas que representa. “Entre os fornecedores das varejistas signatárias do Programa ABVtex, 75% já operam com altos níveis da capacidade industrial”, ressalta o relatório.
De acordo com a sondagem, 43,2% das fábricas consultadas afirmam que atingiram no final de outubro entre 91% e 100% da capacidade instalada. Outros 15,4% têm entre 81% e 90% de ocupação. A faixa seguinte registra 16,4% com ocupação entre 71% e 80%. Os demais 25% dos fornecedores consultados revelam nível de ocupação abaixo de 71%.
“Entre os respondentes, 56% das empresas afirmam que enfrentam algum problema de oferta de insumos e matérias-primas”, destaca o comunicado da entidade.
Atualmente, o programa soma 3.927 empresa, entre fornecedores e suas subcontratadas.
VAREJO ESPERA NATAL MOVIMENTADO
Tradicionalmente, o final de ano responde pela maior fatia das vendas do varejo de moda. Mas em 2020, a pandemia de covid-19 pressiona as expectativas, que tendem a ser otimistas. A enquete mensal mais recente da ABVtex informa que 67% dos associados disseram que novembro foi melhor nas lojas físicas em relação a outubro.
“O que confirma a expectativa da retomada do consumo nas lojas físicas, pois sabemos que as pessoas valorizam muito a experiência de compras que as lojas possibilitam com variedade de produtos, tocar as peças e provar”, avaliou Lima na nota à imprensa.
Do total, 25% consideraram o resultado igual e 8% registraram declínio de vendas na mesma comparação, entre as lojas físicas.
Segundo a entidade, praticamente todos os associados assinalaram vendas maiores no e-commerce durante a Black Friday 2020 em relação a igual período do ano passado. A ABVtex prevê o crescimento em função do que considera demanda represada devido à fase mais aguda do isolamento social.
CADEIA DE PRODUÇÃO LEVARÁ MAIS SEIS MESES PARA VOLTAR AO NORMAL
“Não acreditamos que haverá falta de produtos, pode ser que um ou outro item seja difícil de encontrar. Mas a expectativa é de que a regularização se dê no primeiro semestre de 2021. A depender do volume de vendas de fim de ano e da necessidade de recompor os estoques no início do ano”, afirmou Lima no comunicado.
Conforme o executivo, a retomada coincidiu com a virada de coleção, de modo que o varejo precisou recompor estoques. “Neste momento, notamos que a indústria têxtil e de confecção não estava preparada para atender a demanda. Daí a falta de insumos que temos sentido, como tecidos, aviamentos, plásticos e cartonagens para as embalagens”, concluiu Lima.