Estudo que será finalizado em outubro analisa 20 grandes marcas nos segmentos nos segmentos de varejo; jeans, moda jovem e casual; luxo e adulto; calçados; esporte e praia
O mercado brasileiro vai ganhar em outubro a primeira edição do Índice de Transparência da Moda que já analisa marcas globalmente há quatro anos. Resultado de uma parceria entre o movimento Fashion Revolution Brasil, o Centro de Estudos de Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGVces) e do apoio da ABVTex (Associação Brasileira do Varejo Têxtil), o Índice vai analisar 20 grandes marcas nos segmentos de varejo; jeans, moda jovem e casual; luxo e adulto; calçados; esporte e praia.
O último estudo global foi lançado no ano passado e incluiu 150 marcas. “A versão brasileira deve, ano a ano, incluir mais empresas do país que é o quarto maior parque de confecção do mundo”, afirma Eloisa Artuso, coordenadora educacional do movimento Fashion Revolution Brasil. As marcas selecionadas para esta primeira edição do estudo foram: Animale, Brooksfield, C&A, Cia Marítima, Ellus, Farm, Havaianas, Hering, John John, Le Lis Blanc, Malwee, Marisa, Melissa, Moleca, Olympikus, Osklen, Pernambucanas, Riachuelo, Renner e Zara.
A metodologia foi adaptada para o mercado brasileiro pela FGVces, incluindo, por exemplo, questões sobre inclusão racial e a participação do imigrante. O Índice, segundo Eloisa, não é um ranking de marcas nem quer fazer uma comparação entre as empresas, mas mostrar a transparência de informações das companhias com seu público. “Todas as informações coletadas pela FGVces são de domínio público, medindo justamente o quanto a empresa disponibiliza esses dados”, aponta Eloisa. As marcas ganham pontuação e porcentagem sobre diversos itens, mas não entram em um ranking.
O Índice mede compromisso social, ambiental e governança na cadeia de valor, avaliando suas políticas de compras, rastreabilidade e sustentabilidade dos produtos (destino de resíduos, descarte, economia circular, etc). “A marca será avaliada sobre como presta contas de suas ações, podendo corrigir a forma como implementa essas políticas e compartilha os resultados”, explica Aron Belinky, coordenador do programa de produção e consumo sustáveis do FGVces. A correção das metas a serem atingidas e as melhorias ao longo do ano também contam pontos. “A ideia não é apontar marca melhor ou pior, mas entender como essas empresas abrem suas portas e expõem seus dados que antes eram ‘secretos’ dentro de sua cadeia de valor”, diz Belinky. Para ele, expor os dados é um primeiro passo rumo à transparência, permitindo à gerência refletir sobre o que precisa mudar e fazer as correções necessárias. As empresas serão agrupadas por faixas de transparência de informações: iniciante, intermediária ou avançada.
Para o estudo, a FGVces busca informações disponibilizadas pelas próprias empresas. “A grande pergunta é em que medida essas empresas dão visibilidade a temas como sustentabilidade e responsabilidade social aos consumidores, acionistas, jornalistas, etc”, afirma Belinky. Mesmo no caso de empresas autuadas por trabalho análogo ao escravo, por exemplo, é analisado como cada uma respondeu àquele percalço, e se tomou iniciativas para ser mais transparente, completa o coordenador.
Não houve processo seletivo para participar do estudo. As empresas foram escolhidas por serem representativas em seus segmentos. “O Índice, que será anual e envolverá cada vez mais marcas, vai permitir entender melhor os padrões de mercado e a evolução das empresas, servindo de termômetro para os consumidores”, aponta Eloisa.
Para Edmundo Lima, presidente da ABVTex, o Índice de Transparência na Moda é um passo importante na transformação da cadeia produtiva da moda, e vai facilitar o relacionamento das marcas com seus clientes.