A varejista de moda avalia que funcionou manter coleções atemporais e precificação dinâmica para driblar as oscilações do clima

Em mais um trimestre, a C&A Brasil registra forte crescimento no lucro líquido. Depois de quase triplicar os ganhos no segundo trimestre de 2025 (2T25), a C&A apura lucro líquido de R$69,5 milhões no 3T25, 62,2% acima do apurado no 3T24. A receita líquida não acompanhou o mesmo ritmo de expansão. No geral, o crescimento entre julho e setembro foi de 2,3%, sobre igual período de 2024, para alcançar R$1,84 bilhão.
O lucro líquido melhor que o projetado pelo mercado derivou do maior volume de venda de mercadorias a preço cheio, sem necessidade de remarcação. Tradicionalmente, para o varejo de moda, o terceiro trimestre do ano é sempre de transição das coleções de inverno para as de primavera/verão e, portanto, o mais fraco. Isso porque julho costuma concentrar as liquidações para abrir espaço para as novidades.
De modo a fazer frente a essa dinâmica, a C&A Brasil apostou nas coleções o Ano Todo, compostas por produtos atemporais, e imunes às “temperaturas erráticas que estamos vivendo”, explicou Paulo Correa, CEO da companhia, a analistas de mercado em teleconferência de resultado. Também contribuiu o sistema de precificação dinâmica que estendeu o ciclo de vida dos produtos de inverno, salientou o relatório.
VESTUÁRIO EM ALTA
A receita líquida de crescimento discreto no trimestre está associada à queda nas vendas de eletrônicos e artigos de beleza. Foi no 3T25 a C&A concluiu sua completa saída do segmento de comercialização de celulares. Além disso, anota recuo na receita de serviços financeiros, decorrente da política rigorosa para concessão de crédito.
Novamente, a performance de vestuário garantiu a expansão, ainda que discreta. A receita líquida de vestuário contribuiu com R$1,64 bilhão no 3T25, 8,9% a mais que no mesmo trimestre do ano passado.
O crescimento da receita de vestuário foi ainda melhor nos primeiros 9 meses de 2025, com alta de 13,8%, para atingir R$4,80 bilhões.
No consolidado de janeiro a setembro, a receita líquida total da C&A Brasil reporta R$5,51 bilhões, aumento de 8,4% na comparação a igual período de 2024.
Em lucro líquido, a C&A acumula ganho de R$273,9 milhões em 9 meses, que representa crescimento de 38,6% sobre o apurado de janeiro a setembro de 2024.
INVESTIMENTO E DÍVIDA
Com 333 lojas em funcionamento até setembro, com uma unidade aberta no primeiro semestre, a C&A informou que pretende encerrar 2025 com 335 pontos ativos. A segunda inauguração do ano foi em shopping center da cidade de Americana, no interior de São Paulo, no final de outubro. Até dezembro, será aberta a terceira loja do ano, diz a varejista, sem fornecer detalhes de localização.
“Nosso plano de expansão para 2026 indica que será mais ambicioso do que foi em 2025”, disse Correa aos analistas. Mas, ressaltou que as conversas com o conselho de administração não estão concluídas.
De forma a atender o novo modelo logístico, a rede iniciou investimentos em seus grandes centros de distribuição. São três CDs em operação. O desembolso no CD de Santa Catarina visa aumento de capacidade. Já no de São Paulo, os investimentos giram em torno de otimização de processos e fluxo de mercadorias. O terceiro grande CD fica no Rio de Janeiro.
Mas o modelo atual da C&A prevê grandes lojas atuarem como hubs regionais, a fim de garantir a reposição mais frequente, e rápida, de produtos a grupos de lojas por região.
No 3T25, os investimentos da varejista somaram R$145,8 milhões. Assim, em 9 meses, os desembolsos totalizaram R$298,4 milhões.
A C&A reportou dívida líquida de R$91,5 milhões ao final do 3T25, reduzindo fortemente o valor ao usar os recursos captados com duas séries de emissão de debêntures, somados a recursos próprios, informa o relatório de resultado. Em setembro de 2024, o endividamento líquido da companhia era de R$878,1 milhões.
foto: divulgação (loja inaugurada em Americana/SP)




