Clima e gestão seguram lucro da Renner

Calor demais consumiu estoque de itens leves nas lojas e derrubou as vendas de outono, enquanto a empresa enfrentou atrasos na entrega de fornecedores.

Ao anunciar os resultados do primeiro trimestre do ano, a Renner avaliou que janeiro e fevereiro foram bons em vendas e que o pior mês foi março, com forte desaceleração causada por diferentes fatores. A receita líquida consolidada foi de R$ 1,24 bilhão, que representa aumento de 6,3% em relação aos três primeiros meses de 2015. Diante da mesma comparação, o lucro líquido caiu 10,5% para R$ 65,51 milhões.

Nesse período, sobretudo a varejista de moda Renner enfrentou problemas estratégicos. Por causa do clima quente nas regiões sul e sudeste, com temperaturas bem elevadas em relação ao verão anterior e que se estenderam por março e abril, a demanda por itens leves continuou aquecida, e as lojas não tiveram estoque suficiente na transição de coleção. Houve ainda atraso na entrega de itens importados, todos de inverno. Geralmente, as mercadorias chegavam entre novembro e dezembro. A Renner decidiu fracionar as entregas e acabou se deparando com atraso dos fornecedores que não estava previsto.

De outro lado, duas marcas de adulto feminino não encontraram a aceitação esperada, com rejeição em termos de estampas e cores, e a coleção não rodou como o planejado. Também houve atraso por parte dos fornecedores locais. Em conferência com analistas, José Galló, presidente da empresa, explicou que o trimestre foi bastante conturbado com guerra de preços e disputa por fornecedores.

A substituição de importados por produção local começou para valer. O executivo cita dados que apontam queda na importação de vestuário de 46% e ao mesmo tempo queda de produção de 9%. “Os empresários não avaliaram o tamanho da substituição de importação e se prepararam para uma produção menor por conta da situação econômica do país”, explicou. Ele conta que teve varejista oferecendo preços considerados irreais ao fornecedor para aceitar encomendas. “Mas, foi uma excepcionalidade. Em mais um ou dois meses vamos entrar na normalidade de produção”, prevê Galló.

A concorrência também foi para as lojas. “O mercado foi extremamente competitivo em preço. Com redução que não tem explicação. Teve pequeno e médio varejista fazendo liquidação de inverno, e grande varejista vendendo calça a R$ 29,00. Isso não é sustentável”, afirma. Na avaliação dele esse tipo de estratégia favorece a geração imediata de caixa, mas, não resolveria o problema de descapitalização que alguns estariam enfrentando.

INVESTIMENTOS
No primeiro trimestre, a companhia investiu R$ 87,5 milhões, 16% a mais que igual período do ano passado. A maior parte (R$ 39,6 milhões) foi desembolsada com a abertura de lojas. Foram sete unidades de janeiro a março – duas da Renner, quatro da Youcom e uma da Camicado. Com isso, a rede encerrou o trimestre com 277 lojas Renner; 41 da Youcom; e 69 da Camicado.

Sobre o próximo trimestre, o clima ainda continua como elemento imponderável, embora a última semana de abril tenha sido de frio no sul e no sudeste, regiões que concentram a maior parte das lojas da rede. Para o período está previsto o aumento do nível de estoque por precaução devido à implementação entre julho e agosto do novo sistema de gestão da empresa, que vai paralisar por cerca de 20 dias o faturamento.