Capital de giro para as lojas, equipes treinadas (interna e pontos-de-venda), ações de mídia voltadas ao consumidor devem fazer parte do plano estratégico de marcas que pretendem atuar com novo canal
Uma rápida pesquisa pelo noticiário do portal GBLjeans revela os planos de várias marcas passarem a atuar diretamente no varejo entre este ano e o próximo. Estão em fase de preparar a estrutura interna para acomodar o novo mercado, segmentando departamentos e, principalmente, adequando mix de produtos e coleções. A transição para o varejo impõe uma série de implicações para empresas acostumadas a negociar com o atacado.
Com uma rede de 71 lojas próprias, a Damyller que está há 30 anos no mercado de moda começou trabalhando com multimarcas, onde atuou por oito anos. Nesse período, gradativamente, ingressou no varejo. Os resultados positivos obtidos com as lojas próprias levaram a empresa a trabalhar somente com esse canal de vendas. “Optei por vender direto para o meu consumidor, condição que me deu mais diversidade e liberdade, tanto na parte de criação como nos negócios. Mas, a mudança do atacado para o varejo se deu aos poucos. Na verdade foi uma seqüência de trabalho”, afirma Cide Damiani, um dos fundadores da empresa.
De acordo com o empresário, a marca que planeja entrar no varejo deve primeiramente garantir capital de giro. “É preciso ter recurso próprio, uma boa equipe que seja treinada para atender esse modelo de negócio, tanto internamente como nas lojas, ter logística eficiente de abastecimento, um volume de produção considerável para abastecer o estoque e fazer ações de mídia que reforcem a identidade da marca junto ao consumidor”, receita Damiani.
Há três anos no mercado de atacado do Brás, em São Paulo (SP), a Dust Gallery planeja entrar com atuação direta no varejo até o final de 2009. “Entrar no varejo requer mudar toda a estrutura interna. Já mexi no meu mix de produtos que, agora, está completo em relação ao vestuário, pois quero abrir lojas em shopping centers da capital paulista”, diz Kamal Soueid, proprietário da marca. Para ele, um dos fatores mais importantes é o investimento em marketing. “O marketing direto para o consumidor consome muito capital, mas é a melhor estratégia de divulgação”, acredita o empresário.
Para ingressar direto no varejo por meio de loja própria, no próximo ano, a Bloom, de Bilac (SP), que está há 30 anos no mercado de moda feminina de atacado, criou mais duas linhas para compor as coleções: uma de acessórios para mulheres e outra de vestuário para homens. Além disso, a marca passou a lançar modelos a cada dois meses, sendo que antes liberava novidades duas vezes ao ano. “A previsão é de abrir uma loja na capital paulista, já que meu showroom também está localizado lá”, conta Rita Bueno, sócia da marca ao lado do marido.
Além de incrementar o mix de produtos e desenvolver mais coleções, a Bloom passou por um processo de reestruturação interna, com substituição e contratação de funcionários, compra e renovação de maquinários para o parque fabril. “Para abrir uma loja própria em 2010, preciso estar segura, tenho de fortalecer minha marca no mercado de moda, por isso estou fazendo todas essas mudanças, reestruturando e aprimorando a empresa internamente e segmentando as linhas”, explica Rita.
fotos: divulgação