Mesmo com a tributação de compras internacionais online consumidor busca fora o que não encontra no Brasil.
Preço representa o principal motivo para as compras online cross border de vestuário, assim como acontece com outros produtos. Pagar menos funciona como alavanca de interesse. Mas o que chama a atenção na terceira edição da pesquisa O consumidor brasileiro e suas compras no e-Commerce Cross Border é a segunda razão apontada para comprar em sites internacionais. Da amostra pesquisada, 30% responderam que compram fora porque não encontram produtos similares no Brasil.
Realizada pela SBVC (Sociedade Brasileira do Varejo e Consumo), em parceria com o Instituto Qualibest, a pesquisa de 2024 sobre as operações de cross border mostra que 81% compram de sites internacionais, especialmente dos chineses, em busca de produtos mais baratos.
E mesmo que a maioria (91%) tenha conhecimento sobre a tributação de todas as compras em sites estrangeiros, 75% pretendem comprar mais em plataformas de outros países.
A pesquisa da SBVC detecta que vestuário de adulto lidera as compras online cross border. Cerca de metade dos consumidores consultados (48%) compraram roupas em 2024 – em 2019 eram 37%.
Para vestuário infantil, a participação no cross border é bem menor. Mas cresceu de 10% em 2019 para 16% em 2024.
Eletrônicos aparecem em segundo lugar no ranking geral, com 42% da preferência.
De modo geral, os consumidores do Brasil que fizeram compras em sites internacionais nos últimos 12 meses gastaram, em média, R$558.
Na compra mais recente, o ticket médio em 2024 foi de R$201.
A SBVC lançou a 1ª edição da pesquisa em 2019, e a 2ª em 2021. Para a edição de 2024, ouviu 724 consumidores que fizeram pelo menos uma compra em site estrangeiro nos últimos 12 meses.
BRASIL VENDENDO PARA O EXTERIOR
Conforme o estudo Webshoppers 49, da NielsenIq, 108,4 milhões de consumidores do Brasil fizeram compras por meios digitais em 2023. Desse total, 69% fizeram compras cross border.
No entanto, comércio eletrônico cross border não é apenas de consumidores do Brasil comprando produtos de fora do país. Também engloba a venda por parte de empresas brasileiras para o varejo internacional. A participação dessa modalidade de exportação, por enquanto, ainda é pequena.
De forma a incentivar marcas brasileiras a exportar mediante a venda online, a Apex Brasil mantém desde 2017 o programa E-Xport. No escopo do programa, o incentivo não é para a venda direta. A agência brasileira de promoção à exportação mantém acordos com grandes marketplaces de atuação global, como Amazon, Mercado Livre, Aliexpress, Ebay e Shopee.
Em evento realizado esta semana em São Paulo (SP), a Apex abordou aspectos práticos para internacionalização por meio do e-commerce.
De acordo com a Amazon Brasil, a parceria no programa viabilizou a criação de 60 lojas de empresas brasileiras para venda nos Estados Unidos. Até o final de 2024, 20 empresas serão selecionadas para receber incentivo da Apex de até R$20 mil de modo a colocar o plano de negócios em prática.
No evento, a Apex destacou a experiência em e-commerce cross border, como a da marca de roupa feminina Moderna & Slim e do marketplace de moda sustentável brasileira Yus, com atuação nos Estados Unidos.