Empresas reagem aos novos tempos

Renner fecha as lojas; Consciência suspende vendas; novas rotinas nas têxteis; Abit mostra produção afetada; Fakini prevê escassez.

A Lojas Renner anunciou que decidiu fechar, “por tempo indeterminado”, todas as lojas físicas de todas as marcas a partir desta sexta-feira, 20 de março. A medida vale para lojas de Renner (Brasil, Uruguai e Argentina), Camicado, Youcom e Ashua, localizadas em shoppings ou de rua. “As nossas lojas online, no Brasil, continuarão funcionando, com número reduzido de colaboradores, com o objetivo único de prestar serviço, sanando possíveis necessidades de consumo de nossos clientes”, ressaltou a empresa em comunicado ao mercado.

Os funcionários das áreas administrativas continuarão a trabalhar em sistema home office. “Essas medidas são necessárias para preservar a integridade dos nossos colaboradores, clientes, fornecedores e da comunidade, diante da disseminação do Covid-19, bem como a preservação do negócio”, declarou a companhia.

A Consciência Jeans, uma das grandes marcas do Brás, fechou suas lojas de pronta-entrega. Em pronunciamento pelo Instagram, Hadi Hamade, diretor comercial da empresa, avisou que a empresa decidiu fechar em 18 de março, antes do decreto da prefeitura de São Paulo, com previsão de reabrir em 6 de abril. Vendas e entregas estão suspensas nesse período, informou o empresário.

“Vamos ter um impacto financeiro enorme, mas eu acredito que vamos, com muito trabalho, se Deus quiser, recuperar isso. O que nos preocupa hoje é a vida e a saúde de todos nós”, declarou, para explicar a gravidade da situação e da decisão. A Consciência avaliou que “esse não é momento de fazer vendas”.

ROTINAS ALTERADAS

Com a imposição de medidas mais drásticas para conter o avanço do coronavírus, as empresas vêm mudando rapidamente seus protocolos internos. E a reportagem continua sendo atualizada à medida que as empresa alteram suas condutas de prevenção.

Em nota no fim da tarde de sexta-feira, 20 de março, a Vicunha informou que interromperia por 15 dias todas as atividades. A medida se estende às fábricas – Maracanaú, Natal e Pacajus. Nesse período não haverá faturamento ou entrega. O prazo começa a contar a partir de segunda-feira, 23 de março.

Segundo a empresa, que só faturou até sexta, os pedidos em aberto com estoque disponível. Na volta do recesso, serão divulgadas novas datas para os clientes. A data de retorno poderá ser alterada de acordo com recomendações dos órgãos de saúde. Até então, a companhia estava trabalhando com expediente reduzido na sede administrativa na capital paulista e com showroom fechado.

A Santista tomou medidas de prevenção como vedar as reuniões com fornecedores e visitantes nos locais de trabalho. A recomendação é recorrer aos aplicativos de teleconferência. Estão suspensas as viagens de trabalho dentro do país e para os destinos internacionais. A maior parte da equipe está trabalhando em esquema de home office. “Outras ações serão avaliadas e implantadas à medida que a situação evoluir”, declarou a empresa por nota oficial.

Pelo stories do Instagram, que fica no ar 24 horas, a Canatiba informou que os showrooms da companhia estarão abertos. Mas que evita reuniões com mais de cinco pessoas. As viagens de funcionários estão canceladas. As fábricas localizadas em Santa Bárbara d’Oeste, interior de São Paulo, estão operando normalmente.

Em nota, a Covolan informa que o showroom da empresa no Brás ficará fechado por tempo indeterminado, aguardando por novas orientações. A equipe de representantes comerciais não realizará visitas presenciais. O atendimento será virtual, assim como reuniões com fornecedores ou clientes. E as viagens estão canceladas neste momento. Também localizada em Santa Bárbara d’Oeste, a fábrica permanece funcionando normalmente, afirma a empresa.

PRODUÇÃO SENTE OS EFEITOS

A Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção) realizou pesquisa em 16 e 17 de março. Dos 110 associados ouvidos, 49% afirmam que a epidemia já afeta a produção. O maior problema tem sido o cancelamento de pedidos, ou adiamento dos pedidos já encaminhados. Os clientes alegam receio de queda nas vendas. Outros 56% observam alteração nos custos dos insumos.

Uma parte menor das empresas afetadas reportam uma vantagem, com 33% registrando aumento na demanda doméstica.

Dos 51% que ainda não sentiram os efeitos do coronavírus sobre a produção. Contudo, 96% desses acreditam que enfrentarão alguma consequência nos próximos meses.

O Grupo Fakini, de Santa Catarina, que opera indústria com capacidade para 1 milhão de peças por mês, trabalha com previsão de impacto negativo nas vendas como reflexo do avanço no coronavírus pelo país. “Haverá falta de fornecimento de matérias-primas e insumos, lentidão na retomada das atividades normais, por cerca de 60 dias. A recessão é certa, mas os impactos num segmento tido como essencial (vestuário infantil), acreditamos que a retomada será mais rápida. Vendo ainda que temos nos próximos dias, a chegada da estação de inverno, a renovação do guarda-roupas das crianças é algo inevitável”, declarou a empresa em comunicado ao GBLjeans.