Marcas enxergam consumidor cauteloso

Avaliam que, pelo menos por enquanto, as pessoas vão priorizar os gastos essenciais e moda só entraria no radar se o frio chegar.

Como medida e prevenção ao Coronavírus (CoVid-19), o Grupo Elian, de Jaraguá do Sul (SC), decidiu por adotar férias coletivas a partir desta segunda-feira, 23 de março. Inicialmente, por uma semana, com retorno no dia 30. A companhia alerta, entretanto, que até lá vai monitorar o cenário. “Caso necessário, o período de férias poderá ser estendido por mais oito dias, com retorno ao trabalho em 7 de abril”, afirma a empresa em comunicado oficial.

A medida vale para a empresa inteira, incluindo a fábrica. O grupo é dono das marcas Elian, Colorittá, Marialícia e Maelle.

Outras empresas mantêm o funcionamento com olhos voltados para as vendas à distância. Por e-commerce, WhastApp, Instagram ou telefone mesmo. O balanço do comportamento do consumidor é bastante prematuro. Várias marcas avaliam que, pelo menos por enquanto, as pessoas vão priorizar os gastos essenciais. Dessa forma, moda só entraria no radar se o frio chegar. E o clima até agora continua ameno nas regiões sul e sudeste.

Os fornecedores sentem os efeitos do sentimento de cautela. Já receberam cancelamento de pedidos por parte de marcas ou solicitação para adiar a entrega. Ainda há marcas sem site para vendas na web, e as que têm, mesmo que esteja crescendo, esse canal ainda representa fração pequena do faturamento. O momento de isolamento imposto pode funcionar como um divisor de águas para as vendas de vestuário pela internet.

MOVIMENTO PARADO

Localizada no Estação da Moda Shopping, em Goiânia, cidade que determinou o fechamento dos estabelecimentos comerciais não essenciais desde quinta-feira, a Detroit Jeans mudou a forma de trabalhar por causa da pandemia. Nascida há dez anos, a marca que só vendia ao atacado, entregando as mercadorias por transportadoras, passou a atender o varejo. E mesmo assim com limitações: só entrega em Goiânia e com compras a partir de R$ 150, conta Paulo Henrique Bessa dos Santos, proprietário da empresa.

As transações são feitas pelo Instagram há oito meses para lojistas. E mesmo incluindo o consumidor, a Detroit Jeans não registrou vendas nos dois primeiros dias de fechamento da loja. A equipe foi reunida no depósito da fábrica para atender os pedidos que receberem pelo Instagram. Santos não espera aumento no fluxo de clientes. “Os consumidores estão receosos com a crise econômica que está por vir devido ao coronavírus e priorizando gastos essenciais como alimentação”, declarou o empresário ao GBLjeans.

SEM MUDANÇA

Marca catarinense, com vendas por loja física e online, a Quintess sentiu queda no fluxo de clientes no varejo físico mesmo antes da decisão do governo do estado para fechar o comércio. No e-commerce, não verificou mudança significativa, nem em tráfego ou queda no volume de vendas. “Registramos um leve crescimento, em torno de 5%, em relação a março do ano passado”, acrescentou Kassin Thayana Dias, gerente de negócios da marca ao GBLjeans.

Ela explica que o atendimento online segue normal, apesar de as equipes de retaguarda terem sido parcialmente colocadas em férias ou em home office.