Plano de estender o projeto para toda a rede foi revelado aos investidores durante conferência sobre os resultados do primeiro trimestre no qual a receita aumentou e o lucro caiu
Até o final de 2018, todas as lojas próprias da rede Hering Store terão o sistema showrooming implantado, pelo qual a pessoa experimenta os artigos na loja, paga e recebe em casa, caso não tenha o tamanho ou a cor desejados no ponto físico. O novo canal está em operação em cinco lojas, quatro delas na cidade de São Paulo e outra no Rio de Janeiro. No segundo semestre, a experiência começa a ser estendida para as franquias, com a expectativa de todas operarem com showrooming até o final de 2019, informou Fábio Hering, CEO da companhia, a investidores em teleconferência para apresentar os resultados do primeiro trimestre do ano.
Atualmente, são 57 lojas próprias Hering Store em operação e mais 539 franquias, totalizando 596 pontos de venda no Brasil. “Essa tecnologia representa uma enorme oportunidade de reverter perda de venda por ruptura de estoque, como falta de tamanho ou cor”, explica o executivo, prevendo grande transformação no canal de distribuição. Isso porque a companhia também deverá ampliar para mais lojas a aplicação de pickup collect, que permite ao cliente comprar pela internet e retirar na loja mais próxima, trocar ou devolver mercadoria.
Para chegar a esse modelo de omnicalidade, a Cia Hering conseguiu em 2017 desenhar um sistema que determina regras de negócios, definindo ganhos e compensações em transações que envolvam tanto lojas próprias quanto franquias, diz o CEO da empresa, observando que essas não são operações corriqueiras dentro de uma das maiores redes do país. Na avaliação dele, os dois projetos oferecem condições que podem no longo prazo ajudar a aumentar as vendas por metro quadrado.
RECEITA LÍQUIDA AUMENTOU
Mesmo tendo vendido menos peças de janeiro a março, a Cia Hering aumentou a receita líquida em 4,7% sobre os primeiros três meses de 2017, saltando para R$ 343,8 milhões. Ajudou nesse desempenho o aumento do ticket médio que foi para R$ 124,60, crescimento de 7,9% sobre igual período do ano passado, sendo que o preço médio por peça subiu 1,1%. Entre todas as marcas, a companhia comercializou 4,49 milhões de peças no primeiro trimestre do ano.
O aumento de ticket médio não foi registrado apenas no varejo. Como no trimestre passado, o desempenho se repetiu entre as multimarcas, que compraram mais, compensando a nova redução no número de revendas. Universo que encerrou março reunindo 16.613 multimarcas.
O lucro líquido caiu quase 10% na comparação com o primeiro trimestre de 2017. Alcançou R$ 34,3 milhões em 2018, queda de 9,3%. O resultado foi afetado entre outros fatores pela maior quantidade de produtos importados nas coleções de inverno, reduzindo os benefícios fiscais previstos para produção local, e pela queda na taxa de juros.
REFLEXOS SOBRE A REDE
Ao longo dos três primeiros meses, o fluxo de consumidores oscilou bastante, talvez influenciado pelo Carnaval, que foi mais cedo que o ano passado, e pela Páscoa, comemorada em 1º de abril, avalia a empresa. Segundo Fábio Hering, a companhia permanece otimista para o ano de 2018. “No entanto, a gente acredita que a retomada da economia será gradual e mais lenta do que se esperava”, disse aos investidores. Ele enxerga que a recuperação será paulatina, mas de curva bem heterogênea, com altos e baixos. O relatório que acompanha o balanço financeiro cita que “a instabilidade política associada a uma alta volatilidade de venda deixam o cenário ainda desafiador no curto prazo”.
A rede de varejo encolheu mais no primeiro trimestre de 2018. Foram 28 lojas fechadas, todas franquias localizadas em cidades do sudeste. A maior afetada foi a bandeira Hering Store. Terminou março com 596 lojas, 14 a menos do que tinha em dezembro, e 30 menos que em março de 2017. A Hering Kids perdeu sete pontos de venda de janeiro a março, somando 102 em operação. Também a PUC fechou sete lojas, ficando com 49 unidades. A Dzarm permaneceu com três lojas; o outlet Espaço Hering ganhou mais uma unidade, ficando com oito; e no exterior foram abertas duas, subindo para 20 lojas em operação nas Américas do Sul e Central.
A perspectiva é abrir lojas apenas no segundo semestre, assim como ativar o novo ciclo de reformas de pontos de venda de varejo, disse o CEO da companhia.