Lucro da Hering sobe quase 50%

Companhia atribui a evolução dos resultados ao modelo de gestão de estoque, de abastecimento; ao ticket médio mais alto dos itens de inverno; e ao frio de abril.

Diante dos bons resultados obtidos no segundo trimestre, a Cia Hering revela perspectiva otimista para o segundo semestre especialmente entre outubro e dezembro, “com previsão de crescimento grande dos nossos negócios”, afirmaram executivos da empresa em conferência com analistas de mercado, ainda que reconheçam que o fluxo de consumidores nas lojas continua abaixo do desejado. O balanço financeiro divulgado na semana passada mostra que o lucro líquido das operações da companhia subiu quase 50% entre abril e junho. Progrediu para R$ 88 milhões, expansão de 42,82% sobre o segundo trimestre de 2016.

O aumento de receita líquida foi mais contido. Aumentou 7,5%, elevando a receita para R$ 406,35 milhões no período. A companhia atribui o desempenho à “evolução do modelo de gestão de estoque, abastecimento e atendimento aos diferentes canais”. Abril foi considerado o melhor mês do trimestre por causa das temperaturas mais frias que facilitaram a venda de itens de inverno. Mais ameno, o clima de maio e junho conteve as vendas nos meses que têm duas datas importantes para o varejo de moda – Dias das Mães e Dia dos Namorados.

Em termos de produtos, a empresa destaca a melhora no ticket médio que subiu para R$ 149,58 no segundo trimestre, 12% a mais sobre o mesmo período do ano passado, por conta das boas vendas do que chama de overtops (basicamente jaquetas e coletes). Fábio Hering, presidente da companhia, também destacou aos analistas a boa performance da linha de “novos básicos” da Hering Store, que vai além de camisetas.

No varejo, o modelo comercial de combo, que oferece desconto a partir da terceira peça, gerou bons resultados e deverá ser estendido, diz a Hering. O balanço também indica melhora nas margens como reflexo do nível atual de estoque. “Apesar de alto, é um estoque de qualidade, saudável, de baixo risco”, disse a diretoria aos analistas.

Outra contribuição importante foi a recuperação das vendas para as multimarcas, principalmente, entre aquelas 1,2 mil revendas que participam do projeto de segmentação de canais, e comercializam quase que exclusivamente produtos da companhia. O relatório ao mercado indica que as vendas para multimarcas cresceram 16,7% comparado ao segundo trimestre de 2016, totalizando R$ 220,6 milhões, explicados pelas vendas de inverno e maior compra média por cliente.

A receita líquida do primeiro semestre cresceu 6,1%, somando R$ 734,85 milhões. O lucro líquido dos primeiros seis meses foi de R$ 125,84 milhões, 38,4% a mais que igual período do ano passado.

REDE DE LOJAS E INVESTIMENTO

Entre abril e junho, a rede de lojas de varejo das quatro marcas controladas pela companhia Hering sofreu mais ajustes, embora em ritmo mais contido. No balanço do período, a rede ficou com três lojas a menos do que tinha em março, totalizando 818 pontos. São 629 unidades da Hering Store (quatro a menos que no primeiro trimestre); 108 da Hering Kids, duas a mais do que tinha em março; 59 da PUC, duas a menos; e as mesmas três da Dzarm. Além das 19 franquias no exterior, uma a mais.

No semestre, a companhia fechou 16 operações.

Os investimentos no trimestre somaram R$ 16,7 milhões, com parte destinada às instalações fabris, “com destaque à implementação de novo sistema automatizado de encaixotamento e distribuição de caixas (‘sorter’) no Centro de Distribuição de Anápolis (GO)”, explica a empresa. Outra fatia foi gasta em tecnologia para integrar sistemas de venda (com vista a operar em modelo omnichannel) e em sistemas voltados ao desenvolvimento de coleções.

LANÇAMENTO DO JEANS ECOLÓGICO

Como parte da coleção de primavera, a Hering Store lançou uma linha que chama de jeans ecológico, prevista para chegar ao varejo a partir da próxima semana. A linha Eco Fashion conta com três modelos, fruto do desenvolvimento de um ano de pesquisa e testes de produção, diz a empresa, que escolheu trabalhar com a linha Eco Recycle, da Vicunha, com os artigos Life Eco e Wild Eco.

São três calças femininas: uma bootcut, de denim estonado e poucos e pequenos puídos localizados na frente; outra boyfriend, de lavagem destroyed; e uma skinny de zíper na lateral do tornozelo, com estonagem localizada e fundo mais preservado.

NOVA MUDANÇA

A Cia Hering inciou o semestre anunciando mudanças na diretoria. Depois da divisão da área comercial em uma de varejo (para lojas físicas e ecommerce) e outra para cuidar de multimarcas e operações externas, a empresa informou que Frederico Oldani deixa o quadro de colaboradores, sendo substituído por Rafael Bossolani, na diretoria financeira e relações com investidores.

Atualmente, a Hering emprega em torno de 8,5 mil colaboradores, opera dois centros de distribuição, localizados em Santa Catariana e Goiás; e dez unidades produtivas (cinco em Santa Catarina, quatro em Goiás e uma unidade no Rio Grande do Norte); além de contar duas sedes administrativas (em Blumenau e São Paulo).