Resultado reflete as dificuldades de abastecimento da rede de lojas no final do ano passado e que se prolongaram até abril.
Pressionada pelo ganhos abaixo do esperado no primeiro trimestre, a Riachuelo informou que adotou novo modelo de abastecimento das lojas. Já no final do ano passado, a companhia enfrentou problemas de ruptura dos estoques nos pontos de venda. Para reverter a situação, de janeiro a abril, fez a logística reversa, retornando com as peças para o centro de distribuição. Deixou nas lojas o estoque mínimo, fazendo a reposição de acordo com as vendas o mais rápido possível.
A medida não funcionou. “Mesmo oferecendo mais variedade, a realidade nos mostrou que nossa ruptura ainda se manteve alta nesse período”, reconheceu aos investidores Oswaldo Nunes, presidente da Guararapes Confecções, controladora da Riachuelo. Segundo o executivo, a velocidade de reposição não garantiu nas lojas o mix de tamanhos mais adequado para cada região. Tampouco assegurou a proporção apropriada entre básicos e itens de moda, ou a combinação correta de produtos por faixa de preços.
São esses problemas que a companhia visa corrigir. “Para retomar o ritmo de crescimento maior nas vendas a partir do terceiro trimestre”, disse Nunes em conferência para apresentar os resultados de janeiro a março. Por isso, a partir de maio, a Riachuelo alterou a política de abastecimento. Aumentou o volume dos envios iniciais de cada produto por loja. “E com isso vamos aumentar o horizonte de cobertura de estoque nas lojas”, explicou o presidente da Riachuelo. Funcionaria para reduzir as rupturas.
MAIS FERRAMENTAS PARA CALIBRAR O PROCESSO
O centro de distribuição continuará a manter um volume importante de mercadorias para fazer correções pontuais, de acordo com as vendas em cada loja, disse. Outra medida incorporada é passar a estabelecer o limite máximo de envio por modelo e por loja. Para esse cálculo, a empresa vai recorrer a ferramentas de estatísticas e inteligência de processo. A intenção é obter a melhor distribuição da quantidade enviada, considerando as vendas e giro de cada variante de produto por loja.
As mudanças estendem-se até os times de compras. Eles estão dedicados a aperfeiçoar o mix de produtos por faixa de preço a partir da coleção de primavera/verão.
Nunes prevê que o abastecimento calibrado segundo o nível de oferta e profundidade dos estoques só estará normalizado no terceiro trimestre.
RESULTADOS DO PRIMEIRO TRIMESTRE
Conforme o executivo, o fraco desempenho do primeiro trimestre refletiu as questões de estoque, mix e ruptura enfrentadas desde o quarto trimestre de 2018. E que deverão ainda pressionar os resultados do segundo trimestre. O lucro líquido recuou 42,7% em relação aos ganhos de janeiro a março de 2018. No primeiro trimestre de 2019, caiu para R$ 29,3 milhões. A receita líquida cresceu 8,4% nessa mesma comparação. E atingiu R$ 1,62 bilhão.
O volume produzido pela Guararapes também ficou menor. Diminuiu 5,9% para 8,5 milhões de peças de vestuário de janeiro a março. Esse volume corresponde a 36% das vendas totais de vestuário no trimestre da Riachuelo.
A rede permaneceu com 312 lojas. O investimento trimestral da companhia somou R$ 62,9 milhões, dos quais 93% aplicados na Riachuelo. Melhorias no ecommerce consumiram R$ 2,4 milhões. Para a Guararapes foram direcionados R$ 4,2 milhões.