Depois de reportar prejuízos persistentes desde 2019, a varejista sinaliza que avança na recuperação financeira.

Desde 2018 a Marisa Lojas não registra lucro líquido no ano. Nesse período todo, obteve ganho líquido em apenas dois trimestres. Mas, depois do severo enxugamento aplicado ao longo de 2023 e da troca de dois CEOs em menos de um mês no início de 2024, entre outras medidas, a Marisa entrou em fase nova liderada por Edson Garcia a partir de março.
Sob a nova administração, a varejista retorna o foco comercial para a classe C, movimento que exigiu mudanças na pirâmide de preços e de produtos, de modo a serem atraentes para o bolso dessa fatia de consumidores com finanças pressionadas. Reduziu a dívida milionária a um patamar muito abaixo do nível de alavancagem de seus pares, repôs estoques até quase a normalização, acertou as dívidas com fornecedores e ampliou a rede de abastecimento.
De modo que a Marisa registra lucro líquido de R$5,8 milhões no 4º trimestre de 2024, revertendo o prejuízo acumulado em muitos trimestres. No entanto, os ganhos em 3 meses não foram fortes o bastante para superar as perdas dos demais trimestres de 2024. E a Marisa reporta prejuízo líquido de R$315,8 milhões no ano, 39% menor que o prejuízo de 2023.
A analistas de mercado, Garcia afirmou que o lucro do trimestre reflete a mudança estratégica da empresa. Também disse que para 2025, a Marisa vai buscar crescimento em receita.
ANO DE AUSTERIDADE
A receita líquida de 2024 totalizou R$1,39 bilhão, queda de 15% sobre 2023. Já no 4º trimestre a receita líquida avança 13% para registrar R$468,4 milhões.
Em modo de austeridade, a Marisa segurou os investimentos. Ao longo de 2024, aplicou R$4,4 milhões, sendo R$400 mil no 4º trimestre.
Encerrou o ano com 243 lojas, o mesmo tamanho de 2023. A dívida líquida caiu para R$29,7 milhões, mediante aporte de capital bancado pelos acionistas majoritários da companhia.
Entre os projetos para 2025, está a implementação de software que baseado em tecnologia de inteligência artificial vai controlar o planejamento da produção, evitando rupturas de estoque e reduzindo a necessidade de remarcações indesejadas, informou o CEO da Marisa em teleconferência com analistas de mercado.