Reposicionamento em moda popular envolve ajustes de coleção, de preços e visual das lojas.
Se 2023 foi um ano de reestruturação operacional que resultou no enxugamento do parque de lojas, em 2024 a Marisa retorna o foco comercial para a classe C como alavanca em direção a um ciclo de crescimento. A mudança teve início com o anúncio de um novo CEO, Edson Garcia, que até março comandava a Caedu, outra rede de moda popular, e vai liderar o ajuste de rota.
Em teleconferência de resultados do quarto trimestre de 2023, Garcia afirmou a analistas que identificou uma desconexão entre a base principal de clientes, mulheres da classe C com renda familiar mensal de R$4 mil, e as coleções desenvolvidas vendidas a preços voltados a consumidores das classes B2/C1. A própria distribuição geográfica do parque de lojas reforça a vocação para o nicho mais popular da moda, acrescentou o executivo.
Ele explica que a Marisa retorna o foco comercial ao DNA original, que prevaleceu da fundação até 2016, passa por uma nova política de precificação. Citou como exemplo a participação nas vendas de um top feminino de malha de manga curta. Se vendido na faixa entre R$19,99 e R$29,99, responderia por 60% das vendas e estaria no foco da Marisa.
Para destacar o apelo popular, as lojas começam a mudar o layout. Piloto em 125 lojas delas já trouxe resultados, assegurou o CEO aos analistas de mercado. O ambiente será mais promocional, sobretudo na entrada das lojas com a instalação de mesas de ofertas.
RESULTADOS DE 2023
A despeito das medidas severas tomadas ao longo de 2023, a diretoria da companhia reconhece que os resultados não atingiram o planejado para o ano. O desempenho foi afetado sobretudo pelo quarto trimestre, o mais importante para o varejo de moda, devido à falta de mercadorias. Pesou o atraso no desenvolvimento das coleções para o período, decorrente das renegociações de prazo de pagamento com os fornecedores no primeiro semestre de 2023.
Com isso, a receita líquida da companhia caiu 32% em relação a 2022, registrando R$1,6 bilhão em 2023. As vendas no quarto trimestre caíram 44%, resultando em receita líquida de R$417 milhões.
Em função desse recuo, a varejista registra prejuízo líquido de R$520 milhões no ano e de R$170 milhões no quarto trimestre.
Fechou 2023 com 243 lojas. Mas no início de 2024, a Marisa encerrou mais seis unidades, somando em abril 237 operações.